Entrevista — por José Marmeleira
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Entrevista com João Maria Gusmão: “A arte que pretende ensinar qualquer coisa é um tédio”. Depois de integrar com Pedro Paiva, durante 20 anos, uma dupla que indelevelmente marcou a arte portuguesa, João Maria Gusmão afirma a realização de um percurso que, a solo, permanece idiossincrático e avesso a tendências e dogmas. A Contemporânea conversou com o artista, sobre a natureza do seu trabalho, os limites da curadoria, as afinidades com outros artistas e um certo contexto actual da arte contemporânea.
Entrevista — por Justin Jaeckle
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Um vegan adoece depois de ser persuadido a experimentar carne gerada em laboratório, que proporcionaria uma fonte ética de proteína. Uma cover espetral de uma música de Lana Del Rey dá banda sonora à narrativa de um casal gay que recorre a meios biotecnológicos para tentar engravidar. Um conto centrado em quatro amigos nos seus trintas — um casal heterossexual e outro homossexual — dilata essa mesma narrativa num drama relacional, incluindo uma especulação sobre implantes de ovários em homens cisgénero, sobre um pano de fundo de inovação médica e uma crescente crise de infertilidade masculina, terminando depois em jeito bartlebyano.
Crítica — por Susana Ventura
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Como seriam as imagens antes da existência humana? É inegável reconhecermo-lhes a sua existência: nas sombras projectadas no solo, nas montanhas, nas rochas, nos planos de água, duplamente espelhos e lentes, entre as frestas das rochas, nas cavernas. A formação e a existência da imagem precedem o homem, mas será este a atribuir-lhes o seu sentido de construção, o qual irá revestir a imagem de uma ambiguidade primordial: tanto remete para a representação da realidade da qual poderá dizer-se documento, como para uma imagem construída que tem origem no pensamento, simultaneamente, activada por este e nele activa.
Crítica — por José Marmeleira
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Na Culturgest, em Lisboa, encontram-se sete obras de grandes dimensões da autoria de António Bolota. Pesadas, densas, numa tensão silenciosa, mas saliente com o espaço. Algumas barram o caminho ao visitante, outras sugerem percursos inéditos, conduzem a zonas que antes não existiam. O espaço das galerias é reconfigurado, tornado outro, embora não na sua totalidade. É, certamente, ocupado com o peso e a força. Sim, discorre das esculturas uma força, e não apenas, um peso ou um desenho. A força da construção, do trabalho, da fabricação humana, auxiliada por um conhecimento e saber milenares. Os materiais são reconhecíveis — cimento, pedra, terracota — como também as formas que o artista lhe deu: muros, telhados, passadouros, contrafortes.
Entrevista — por Isabella Lenzi
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Uma paisagem romântica e bucólica antecede a chegada a “Pés de barro”. A exposição, em cartaz até o dia 22 de agosto, não deixa de ser uma resposta ou uma tentativa de diálogo com o entorno natural que penetra na arquitetura envidraçada da Biblioteca Almeida Garrett, espaço das Galerias Municipais do Porto. Mas se os Jardins do Palácio de Cristal, do século XIX, evocam um tipo de natureza ordenada, construída e planejada, “Pés de barro” aposta em um fazer menos racional e “formalista”, mais frágil e amorfo. Em um andar não tão pesado e cheio de certezas.
Crítica — por Gabriela Vaz-Pinheiro
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A pretexto de uma reflexão sobre o novo período que o CIAJG agora inicia pela mão curatorial de Marta Mestre, este texto trará também, seguramente pela rama, alguns problemas emergentes e complexos que, comprometidos com formas de discursividade na actualidade, me parece importante abordar. Nem o museu, nem a produção artística, podem ignorar o seu posicionamento num mundo em que a reverberação e circulação das imagens e das ideias ficam reféns de crescentes fugacidade e fabricação e, por isso, a nossa (daqueles que produzem pensamento) capacidade de imaginar precisa cada vez mais de demarcar um território claro de crítica e consciência.
Crítica — por José Marmeleira
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Há em Para a Vida uma Doença de Cobre de Alice dos Reis, na Kunsthalle Lissabon, um elemento que, não sendo inédito, se tornou comum em certas exposições. Assim que que o espectador começa a visita, é-lhe pedido que suspenda a sua descrença. Não se encontra apenas no interior de um espaço determinado por uma série de protocolos, mas num ambiente, numa atmosfera que constrói uma ficção e é construída por uma ficção. Dito de outro modo: o espectador descobre-se no interior de uma obra em termos sensoriais, espaciais, estéticos e conceptuais.
Crítica — por Cristina Sanchez-Kozyreva
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Ocupando quatro salas da Fundação Carmona e Costa, a exposição individual de Pedro Barateiro "É só uma ferida", com curadoria de João Mourão e Luís Silva, dá as boas-vindas aos visitantes através de um ecrã de grandes dimensões no qual uma cabeça animada pronuncia um acolhedor "Olá!". Esta animação a preto e branco, intitulada Monologue for a Monster (2021), apresenta ao espectador uma personagem nonchalant que se descreve como um monstro, uma criatura adorável, um recetáculo, um poema, com propensão a mudanças e oscilações de humor e com um gosto especial pela dança.
Entrevista — por Adam Carr
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Sou da opinião de que o mundo é tremendamente mais interessante do que as coisas que acontecem nas galerias de arte. Quando estamos numa galeria de arte tudo tem uma carga imensa e prestamos uma atenção brutal a tudo. Por tudo ter uma carga particular que deriva do contexto do espaço branco e por sabermos que temos de prestar atenção, andamos à procura de pistas e significantes e significados codificados, mas não vivemos a vida com este género de interesse ou de curiosidade sobre coisa alguma. Se agora mesmo olharmos pela janela, vemos que o mundo é incrível. Está cheio de signos, histórias, narrativas urbanas e vestígios, mas nós simplesmente não os vemos — não fazemos caso deles, e não fazemos caso deles porque há demasiados estímulos no mundo.
Crítica — por Sara Castelo Branco
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Numa experiência realizada sob o signo do limiar (não apenas pela sombra do limite, mas do princípio e ponto de partida de algo), a artista e cineasta argentino-israelita Inés Moldavsky (1987, Buenos Aires) recorreu a aplicações de dating para estabelecer contactos com homens palestinianos que vivem em Gaza e na Cisjordânia, enquanto esta se encontrava em Israel. O muro entre os dois estados foi assim superado pela virtualidade desterritorializada da Internet e das conversas telefónicas, e posteriormente através de diversos encontros presenciais que a artista teve com alguns destes homens.
Ensaio — por Eduarda Neves
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Um texto em dois actos. Personagens que se limitam a ocupar um lugar. Tudo continua idêntico num espaço aparentemente infinito. Podemos ainda falar em tempo? Pergunta Winnie em Dias Felizes, de Samuel Beckett. Enterrada no círculo paralisante que a cintura lhe desenha, como um ourobouros que ao morder a cauda é por ela engolido, Winnie oferece-nos o tempo como mediador do esquecimento. Evocando Heráclito, o filósofo de Éfeso, Borges lembra que na circunferência o princípio e o fim são um único ponto: "Um amuleto grego do século III, conservado no Museu Britânico, oferece-nos a imagem que melhor pode ilustrar essa infinitude: a serpente que morde a própria cauda ou, como belamente diria Martinez Estrada, “que começa no fim da própria cauda".
Ensaio — por João Sousa Cardoso
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Observarmos a produção artística segundo a classificação do género, é invariavelmente uma aproximação problemática às representações (com enquadramento instável e limites conceptuais), além de que os termos mulher-artista, artistas-mulheres e arte feminina conheceram uma produtividade histórica mas nunca reuniram consenso entre as artistas do nosso tempo. Apesar disto, que as obras destas artistas tenham sido objeto, em plena modernidade, de uma manifesta secundarização, marginalização, ocultação (frequentemente na sombra de maridos-artistas) ou apagamento na narrativa das artes pelo facto de serem mulheres é o reflexo cultural de uma tradição dominada pelos homens.
Crítica — por Susana Ventura
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Deslaçar um tormento é o título da exposição de Louise Bourgeois actualmente presente no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, organizada por este e pelo Glenstone Museum (Maryland, Estados Unidos), em colaboração com a The Easton Foundation (Nova Iorque, Estados Unidos) e co-produzida com o Voorlinden Museum & Gardens (Países Baixos). Nas palavras do director do museu Português, Philippe Vergne, que, juntamente com Paula Fernandes, adaptou a curadoria original de Emily Wei Rales, directora do Glenstone Museum, ao espaço actual, trata-se de uma exposição retrospectiva, porque inclui um vasto conjunto de obras de Louise Bourgeois, que atravessa as várias décadas de criação profícua desta importante artista do século XX e início do século XXI, representadas por obras significativas dentro do seu corpo de obra.
Crítica — por José Marmeleira
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O Efeito do Observador: À volta da fotografia na Coleção Norlinda e José Lima patente no Centro de Arte Oliva, com a curadoria de Pablo Berástegui Lozano não é uma exposição temática, isto é, não se submete a um tema ou um assunto. Se parte de uma proposição ou se se inspira numa ideia — neste caso, o fenómeno do efeito do observador da física quântica, que avalia as alterações provocadas pela observação na realidade — não se lhes reduz. Afinal, trata-se, também de uma exposição que participa na apresentação pública de uma coleção, que dá a ver, pela primeira vez, certamente, a muitos visitantes, obras pouco, senão raramente, vistas.
Crítica — por Cristina Sanchez-Kozyreva
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Em "Seabed Monsters and the Cosmic Rays", a terceira exposição de Luís Lázaro Matos na Madragoa, o artista propõe um entusiasmante universo imersivo que é simultaneamente cósmico e submarino. Sobre as paredes da pequena área expositiva sobem plantas aquáticas pintadas à mão em tonalidades rosa — uma coloração que recorda bactérias bioluminescentes e certas criaturas marinhas — que se confrontam com redes de relâmpagos brancos. A água e a eletricidade são uma mistura perigosa, mas aparentemente Matos inspirou-se na teoria de que, nos primórdios da génese da Terra, foram tempestades de relâmpagos que libertaram fósforo na água — um elemento essencial para a formação de biomoléculas e para o desenvolvimento de vida no planeta —, o que deu início ao processo da vida na Terra. Um bom sítio para começar.
Crítica — por Cristina Sanchez-Kozyreva
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Patente na Fidelidade Arte, a exposição Moon Foulard, do artista mexicano Rodrigo Hernández, que reside atualmente em Lisboa, apresenta-se como um diálogo etéreo em tons pastel entre o artista e o trabalho do designer de moda italiano Emilio Pucci — ou até como um gioco aperitivo em que Hernández, através da sua linguagem visual, interpreta o chique e extravagante mundo do "príncipe dos estampados". "A alegria foi um dos mais importantes elementos que trouxe para a moda. E trouxe-a através da cor" é uma das mais famosas citações de Pucci (1914–1992), uma carismática figura da cidade de Florença que vestia roupas justas e que, como se de fogo-de-artifício se tratassem, introduziu no mundo da moda malhas de seda psicadélicas feericamente coloridas, ora elásticas, ora folgadas, transformando assim o seu pequeno negócio de família num gigante da moda internacional.
Crítica — por José Marmeleira
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Quando se acompanha o percurso de um artista, é sempre gratificante observar as suas fases. Num momento, há um traço que parece repetir-se, oferecendo uma certa constância temática ou formal; noutro, dá-se uma inflexão, um desvio que aponta noutra direção, a esboçar outro rumo. Não é afinal destas mudanças que são feitas todas as biografias artísticas? Indissociável deste exercício, na condição de seu reverso, encontra-se outro não menos estimulante: o de descobrir ou de identificar uma sensibilidade ou um tipo de fazer que, intangível, possa interligar todos esses momentos: um fundo longitudinal e subterrâneo.
Entrevista — por Sara De Chiara
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Articulado sobretudo na escultura, instalação, vídeo e pósteres, o trabalho de Romão combina diferentes materiais, palavras, temporalidades e perspectivas que dão vida a um mundo em que o homem já não se encontra no centro. Um mundo de pernas para o ar em que o plástico transpira e as esculturas de madeira voltam a ser árvores. As dimensões do artefacto, do objecto manufacturado e produto da natureza coexistem aqui — não é claro onde uma termina e a outra começa —, evocando essa inclinação natural do pensamento no sentido do encantamento e do maravilhamento, aberto à metamorfose e pronto para captar a manifestação do sobrenatural em objectos do quotidiano. No final de contas, Naturália e Artificiália há muito que andam juntas sob o nome de Mirabília.
Crítica — por Isabel Nogueira
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É uma exposição que, sobretudo num formato historicista e documental, se debruça eficazmente sobre a palavra, na sua poética, significado, expressão visual, ou até na sua luta. E a palavra surge escrita, dita, não vocalizada, evocada, desenhada, filmada. Uma das frases mais certeiras e enxutas da mostra é inspiradora: «#resistência exige #método». E resistir continua a ser preciso, fundamental e, a seu modo, perigoso. Sobretudo em tempos exigentes, como aqueles a que a exposição se reporta (1962-1982). Mas que poderíamos, por motivos diferentes, estender ao tempo actual. Detenhamo-nos sobre esta mostra, que nos permite uma reflexão mais alargada relativamente ao momento artístico, político e vivencial que convoca.
Crítica — por Isabel Nogueira
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«No princípio era o verbo», diz a conhecida frase de João Evangelista. Mas também se vislumbra a possibilidade de no começo ser a imagem. Ou mesmo a imagem da palavra. Independentemente do início, que se aproxima sobretudo a um exercício de retórica, uma vez mais, o Atelier Museu Júlio Pomar propõe ao visitante uma relação da obra de Pomar (1926-2018) com outras obras, artistas, conceitos, formas de expressão. A curadoria é de Mariana Pintos dos Santos e, desta vez, a proposta expositiva centra-se na relação da obra de Júlio Pomar com a escrita e a literatura, em sentido lato.
Entrevista — por Francisca Carvalho
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Conheci a Antonia quando me convidou a fazer uma exposição no VERÃO. Conheci-a, portanto, no meu atelier e, desde logo, foi evidente que lidava com alguém com uma sensibilidade para os materiais e olho artístico pouco comuns. Um Humanismo holístico a apelar à integração dos sentidos, corpo e intelecto. Integrar e interligar (atrás da nuca) cosmovisão em círculos de Dante Alighieri, os universos que se abrem nas múltiplas geometrias uterino-científicas de Adelhyd van Bender, o detalhe, a Marcenaria, porque "savoir faire" é essencial para poder olhar, ver, decidir. Relembro Virgínia Wolf “saturar cada átomo” — escrevia.
Crítica — por José Marmeleira
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Dar Corpo ao Vazio, exposição de Cristina Ataíde no Museu Berardo é um encontro com um universo visual, estético e conceptual. Não se trata de uma antológica ou de uma retrospetiva, antes uma seleção de obras, uma constelação inédita de ideias e formas. Um caminho que antes não existia e que a artista e o curador Sérgio Fazenda Rodrigues deixaram ao espectador. Um caminho feito de peças de tempos diferentes, numa profusão de linguagens. Desenho, escultura, instalação, fotografia, vídeo, intervenção site specific. Palavras e imagens.
Entrevista — por José Marmeleira
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O Colégio das Artes (C.A.) da Universidade de Coimbra foi criado como uma unidade orgânica vocacionada para a arte, numa relação interdisciplinar. Desde logo, seria composto exclusivamente de estudos pós-graduados. No âmbito do doutoramento, para pessoas com cursos no campo da arte contemporânea. Criou-se também um mestrado em estudos curatoriais, cumprindo-se a ideia de estudos avançados no campo da arte contemporânea. Portanto, concebia-se um lugar que acolhesse os artistas, os arquitetos, os designers, os músicos, os realizadores de cinema.
Entrevista — por David Silva Revés
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Fundado em 2017 por Aires de Gameiro, Hugo Gomes, Nuno Ferreira e Pedro Cabrita Paiva, Las Palmas é um organismo híbrido, que se expande por múltiplas faces, objectos e actividades. Enquanto artist-run space lisboeta desenvolveu uma intensa programação de exposições, com o rosa das suas paredes como factor identificativo e unificador, convocando tanto artistas nacionais como internacionais, assim como os trabalhos artísticos de cada um dos seus membros. Apofenia, proposta expositiva com a curadoria de Bruno Marchand, bifurcada entre o Espaço Fidelidade Arte e a Culturgest Porto, relocaliza pela primeira vez este espaço e colectivo num contexto institucional de elevada visibilidade e relevância, mostrando a densidade das suas afinidades [ou desafinidades, como o Las Palmas preferirá dizer] artísticas e posturais.
Crítica — por Miguel Mesquita
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Uma ocorrência comum no último ano, derivada da situação pandémica, foi o reencontro com a natureza. Decorreu através de um fenómeno, não pouco lógico, que mereceu alguma reflexão na imprensa: as migrações populacionais dos grandes centros urbanos para pequenas cidades ou para contextos mais rurais. Esta movimentação, que encontrou justificações diversas — questões de sustentabilidade económica, melhores condições de habitabilidade em situação de confinamento ou ainda sentimentos de maior liberdade e segurança promovidos pelo contexto rural — ainda que não configurando um êxodo urbano, não deixa de retratar uma ocorrência curiosa e até de alguma ironia: que numa altura em que os activismos ecológicos e os discursos sobre a sustentabilidade e a eco-consciência se adensam, tenhamos sido convocados a reaproximarmo-nos da natureza.
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