Que a mão no olhar percorre
Encarado como um acto de procura que evolui por sucessivas auscultações, hesitações e afirmações, o desenho assenta na curiosidade e na vontade de apreender. Desenhar é tatear com o olhar, com o pensamento e a intuição, numa sincronia que evolui com vontade própria. É buscar, ensaiar, estudar e entender o que fitamos no exterior, mas é também um acto de encontro com o que nos fita internamente.
Numa sobreposição de existências, o desenho conhece e reconhece o mundo — o que nele vemos e ocultamos, e quem o perscruta, nomeia e formaliza. O seu carácter de pensamento em acção ou de registo em movimento, permite entender aquilo que se aponta, compreendendo aquele que desenha. Numa acção que pode provir da mesma entidade, ou reportar-se a vários intervenientes, quem desenha procura, regista e pondera(-se) (n)um sistema rizomático em que a manifestação e o conhecimento não são lineares. Talvez, por isso, a elasticidade do desenho habite a raiz do pensamento criativo e aí encontre várias expressões. Das artes visuais à música, da dança à arquitectura, ou da performance à poesia, o desenho indaga, equaciona, propõe e explana, operando como uma escrita que surge de dentro para fora, com um alfabeto próprio, em contínua mutação.
Editor convidado: Sérgio Fazenda Rodrigues
Over which the hand roams in the gaze
Seen as a searching act that develps through sucessive auscultations, hesitations, and assertionsm drawing if founded upon a curiosit and a will to grasp. To draw is to grope about with one's gaze, thought, and intuition, in a synchrony which develops with a will of it's own. It is to seek, to attempt, to study, and to understand what we gaze at on the outside, but also an act of encountering what gazes at us internally.
Upon overlapping existences, drawing recognises the world — what we see and conceal in it, as well as he who looks into it, who names it, who formalises it. It's nature as thought in action or record in motion allows one to grasp not only that which is pointed out but also he who draws. In an action that may come from the same entity or from different ones, he who draws searches, records and ponders upon (himself within) a rhizomatic system in which there is no linear demonstration or knowledge. Perhaps, that is why the elasticity of drawing inhabits the root of creative thought, where it develops various types of expression. From visual arts to music, from dance to architecture, or from performance to poetry, drawing enquiries, weighs, purposes abd expounds, operating as a sort of writing that comes out from within, with an alphabet of its own, in continuous change.
Guest editor: Sérgio Fazenda Rodrigues
Artistas / Artists:
AnaMary Bilbao, André Sousa, António Poppe, Bruno Cidra, Cristina Robalo, Gabriela Albergaria, Diogo Pimentão, Gonçalo Pena, João Queiroz, Jorge Queiroz, Pedro A.H. Paixão, Pedro Barateiro, Pedro Gomes, Rui Chafes, Sara Chang Yan, Susanne Themlitz, Von Calhau!
ensaios visuais / visual essays:
Armanda Duarte, Francisca Carvalho, Mattia Denisse, Paulo Lisboa, Vera Mota.
ensaios visuais + entrevistas / visual essays + interviews:
Alice Geirinhas e Mariana Gomes, Andreia Santana e Anna-Sophie Berger, Nuno Sousa Vieira e Rita Gaspar Vieira.
Autores / Authors:
Antonia Gaeta, António Pinto Ribeiro, Carlos Vidal, Catarina Rosendo, Celso Martins, Cristina Robalo, Cristina Sanchez-Kozyreva, Filipa Oliveira, Gabriela Vaz-Pinheiro, Hugo Canoilas, Inês Costa, Isabel Carlos, Isabel Nogueira, Isabella Lenzi, João Maria Gusmão, Joana P. R. Neves, José Marmeleira, Lisa Sigal, Luiza Teixeira de Freitas, Maria Filomena Molder, Marta Espiridião, Miguel Mesquita, Pedro Valdez Cardoso, Sara Castelo Branco, Sérgio Fazenda Rodrigues.