Ensaio — por Eduarda Neves
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Um coronavírus afirma o seu lugar no mundo. Na arte recente, também. Ao SARS-CoV-2, que esteve na origem da Covid-19, ficamos a dever um certo programa metafísico de desvendamento. Afectados pela nossa condição de hospedeiro oculto, desconhecemos os processos através dos quais o parasita nos transforma num semelhante. Um jogo no qual as trocas são potencialmente indeterminadas. Chegado como parasita, infiltra-se como parte constitutiva de cada um de nós.
Entrevista — por José Marmeleira
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A artista e escritora catalã Alicia Kopf, pseudónimo de Imma Ávalos, apresenta, no âmbito do projecto Reação em cadeia, uma parceria entre a Fidelidade Arte e a Culturgest, a exposição Speculative Intimacy, com curadoria de Bruno Marchand. Mote para conversa com José Marmeleira sobre as relações entre a escrita e as artes visuais, os afetos humanos e a experiência extraterrena e virtualizada da realidade.
Crítica — por Isabel Nogueira
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Marcelo Cidade (n. 1979, São Paulo) apresenta uma notável instalação na Galeria Bruno Múrias. Chamou-lhe "Equivalência e desequilíbrio", e nela convoca questões fundamentais, tanto do ponto de vista das referências estéticas e artísticas — a conhecida série escultórica minimal de Carl Andre — como vivenciais, sociais e políticas — as condições, absolutamente em desequilíbrio, em que o mundo se organiza, sob o holofote de um capitalismo agressivo. No seu trabalho há um depuramento de herança minimalista, e até conceptualista, que se materializa em pintura, escultura ou instalação.
Crítica — por José Marmeleira
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A apropriação da bandeira pelos artistas não é uma prática inédita. No domínio da arte contemporânea, abundam exemplos do seu uso na condição de objeto, imagem, símbolo, superfície. Nesse domínio, basta a sua menção para que à memória assomem Jasper Johns, David Hammons, Daniel Buren ou Alighiero Boetti. Como qualquer outro meio, tem sido explorado, transformado, recombinado visual e materialmente pela atividade artística, mas — e os artistas sabem-no — não é um objeto qualquer.
Crítica — por José Marmeleira
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Uma agitação no corpo e no espírito. É este o estado que o visitante poderá experimentar logo que entra em "Homo Kosmos (cough, cough)", de Tiago Borges e Yonamine, na Galeria Avenida da Índia. Sobre o seu corpo projetam-se imagens, vindas de lugares diferentes, enquanto o som de um instrumento acústico circula pelo espaço, impondo a aflição de um transe que, só por instantes, se atenua. As obras expostas desenham um percurso não geométrico, fragmentado, disperso, composto de pequenas clareiras nas quais pululam sombras, imagens, desenhos, objetos.
Entrevista — por Antonia Gaeta
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O título vem de uma revista feminista bastante conhecida, que se chama "Heresies: A Feminist Publication on Art and Politics" e que começou a ser publicada em 1977 nos Estados Unidos, em Nova Iorque. De certa maneira, a exposição está fortemente inspirada nessa revista, não só pelo tema do número 13, que, em 1981, explorava as relações entre feminismos e ecologia, mas também do ponto de vista metodológico no sentido em que nos interessava a revista como formato que consegue reunir perspetivas múltiplas. É justamente esta linha de conexão entre vozes e abordagens diferentes, esta heterogeneidade que importava manter dentro da exposição.
Crítica — por José Marmeleira
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Antes de entrarmos em "Corpo radial", exposição de Mariana Caló e Francisco Queimadela na Galeria Boavista, com curadoria de Susana Ventura, um facto indica o universo mental, visual e espiritual da dupla de artistas. Sobre as janelas da galeria foram aplicados filtros vermelhos e o interior encontra-se delicadamente iluminado. Uma atmosfera cromática, vermelho-alaranjada, aguarda-nos num espaço, no interior do qual se encontra outro espaço, e em que a memória é despertada no corpo e na mente por imagens e lugares, por desenhos e pela arquitetura. Não por textos, não pela escrita.
Crítica — por José Marmeleira
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Quem, até 19 de Setembro, visitar na galeria Uma Lulik a exposição Through Windows encontrará um elemento arquitetónico, situado entre o seu corpo e as obras, propenso a uma certa indefinição. É um panorama e um balcão. Uma moldura e uma passagem. Um obstáculo e um ponto de vista. Com a curadoria de Miguel Mesquita, a colectiva Through Windows explora tal desdobramento de sentidos a partir de um conceito e elemento definido: a janela, na condição de ecrã, de abertura, de entrada. Entrada, detenhamo-nos nesta palavra.
Crítica — por Cristina Sanchez-Kozyreva
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Caso não tenha ainda pensado sobre a sua relação sexual com plantas, a primeira exposição individual de Zheng Bo na Kunsthalle Lissabon (patente até ao final de Agosto) oferece a oportunidade perfeita para o fazer. Nela podemos ver uma série de quatro vídeos intitulada “Pteridophilia”, numerados de 1 a 4, e um conjunto de desenhos a lápis sobre papel, “Drawing Life”. A apresentação das duas séries está dividida em dois espaços na cave da Kunsthalle.
Crítica — por José Marmeleira
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Uma das faculdades e capacidades que, na Antiguidade, a poesia e a filosofia partilhavam era o reconhecimento de aquilo que aparecia, de aquilo que existia. Não apenas os humanos, também as coisas orgânicas e inorgânicas, o mundo natural, os astros, o cosmos. A visão estritamente utilitária dos outros seres sencientes, dos elementos e dos fenómenos naturais não dominava ainda o mundo. As coisas não existiam em função da felicidade dos homens e os humanos não existiam como fim último, absoluto de todas as coisas.
Ensaio — por Gisela Casimiro
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“What is your great hunger? To understand your great hunger, you must understand what breaks your heart.” Assim nos ensina Tererai Trent a sermos vulneráveis. O que me parte o coração? A pergunta, na verdade, é sobre o que nos parte o coração enquanto Humanidade, e o que podemos fazer para repará-lo, para nos repararmos. É Março e chega-nos a pandemia que abrandou o mundo. Ainda não sabemos o que é o trauma que assola sobretudo chineses e italianos há meses. Esta ferida exposta não é por todos vivida da mesma forma, como a vida também não era.
Ensaio — por Alice dos Reis
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Talvez por consequência destas ansiedades, eu tenha acordado numa das manhãs de confinamento, em que todos os dias pareciam fins de semana, durante os quais o tempo se parecia desenrolar de forma alternativa, e face à liberdade de uma paragem global por tempo indeterminado eu parecia produzir muito pouco. Num desses dias, sem data, acordei a pensar na performance "My body, this paper, this fire", que o Pedro Barateiro, com João dos Santos Martins, apresentou em Março na Galeria Zé dos Bois.
Crítica — por Isabel Nogueira
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No âmbito da proposta "As Coisas Fundadas no Silêncio", do Museu Nacional de Arte Contemporânea/Museu do Chiado, Susana Mendes Silva (n. 1972) convida-nos, nesta instalação, não só a conhecer, mas, sobretudo, a entrar no universo e até a empatizar com ele e com a figura central sobre quem se debruça: a poeta e escritora Judith Teixeira (1880-1959), também conhecida pelo pseudónimo de Lena de Valois.
Ensaio — por Bárbara Silva
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"Expanding Concert" será um concerto de quatro anos distribuído no tempo e no espaço através de diferentes meios: 5 intervenções públicas em 5 Galerias Municipais diferentes em Lisboa e resultando em 5 textos. O concerto começou com o convite para um único artista, mas se expandirá gradualmente, primeiro interagindo com o público, depois pedindo documentação aos escritores que respondam a cada intervenção e, finalmente, convidando outros músicos a colaborar nas próximas intervenções.
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