Crítica — por Sofia Nunes
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No outro dia, enquanto desinfetava os meus ténis, depois de vir da rua, reparei que o perfil da sola estava cheio de salpicos de tinta preta. Não me lembrava de ter passado por nenhuma zona de obras, nem de ter pisado nenhum pavimento sujo ou molhado. Aliás, os salpicos até já estavam secos e bem impregnados na borracha, mas continuavam a exalar um cheiro ligeiramente enjoativo, denso e fechado, embora familiar. Foi então que voltei a entrar, agora de memória, na exposição concebida por Laure Prouvost para a Kunsthalle Lissabon, a convite dos curadores João Mourão e Luís Silva.
Entrevista — por Justin Jaeckle
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"Wittgenstein disse que as grandes questões só poderiam ser abordadas através de piadas. Que a lógica não tinha força necessária para resolver essas questões. Na verdade, o humor pode ser libertador, mas também uma prisão. Há uma velha história que diz que a ironia era um pássaro que aprendeu a amar a sua gaiola. E que embora cante ao desprezo da sua gaiola, gosta de viver dentro dela." O mundo de Abrantes existe dentro da gaiola do nosso próprio mundo, cantando com um prazer ambíguo enquanto o interroga. Na gaiola da sua quarentena em Lisboa, Gabriel conduz-nos através da exposição e da sua obra.
Crítica — por David Silva Revés
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Privada de público, esta exposição experimenta sozinha e inesperadamente aquela que era uma das intenções do artista quanto às condições de possibilidade na sua experiência relacional: uma certa “suspensão do espaço e do tempo”. Fatalmente, não por venturas estético-artísticas (ou, talvez, exactamente pelas direcções estetizantes que filtram o contexto actual), é esse mesmo estado de pastosidade espaciotemporal que nos engole agora, também sozinhos, no conforto dos nossos sofás (para os que aí têm o privilégio de poder permanecer). Contudo, embora não o ideal, possa ser esse um lugar ainda produtivo para nos focarmos nesse outro espaço — mais instável, mais insurrecto, mais sombrio, ou paradoxalmente mais luminoso — que Abismo segrega.
Crítica — por Gabriela Vaz-Pinheiro
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Olhar uma exposição que atravessou o recente período de confinamento é impossível sem repensar a nossa própria presença no mundo, a forma como trabalhámos e como seguiremos relacionando-nos com as obras de arte e com a produção cultural no geral. É como um reencontro com um velho amigo que, embora mais grisalho, reconhecemos e, de repente, valorizamos ainda mais, fazendo jus àquela máxima de que a potencialidade da perda acorda o sentido e a vontade da pertença. É impossível, por isso, nestas reflexões, não falar sobre este reencontro e apontar algumas inquietações sobre o futuro ao percorrer uma exposição que, precisamente, nos apresenta e faz olhar para um passado recente.
Entrevista — por Eduarda Neves
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Coco Fusco é uma artista e escritora cubano-americana radicada em Nova Iorque. A sua produção artística e teórico-crítica interdisciplinar, que inclui performance, vídeo, curadoria e texto, aborda questões e tópicos como pós-colonialismo e raça, globalização e trabalho. Nas últimas três décadas desenvolveu investigação e produziu trabalhos escritos e cinematográficos sobre a Cuba pós-revolucionária. Nos seus vídeos e livros recentes, em torno da arte da performance cubana, propõe leituras críticas sobre os mecanismos do poder estatal e do seu impacto sobre os artistas cubanos.
Entrevista — por Isabella Lenzi
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“Estás vendo coisas”, primeira individual da dupla Bárbara Wagner (1980, Brasília) e Benjamin de Burca (1975, Munique) num espaço institucional português, foi inaugurada em meados de janeiro. Um mês antes do previsto, a exposição em cartaz na Galeria da Boavista de Lisboa teve que ser fechada, como tantas outras em todo o mundo, numa tentativa de conter a pandemia do COVID-19. Entre os dias 6 e 12 de abril, "Estás vendo coisas" (2016) estará disponível para visualização on-line numa ação promovida pelos artistas com as Galerias Municipais de Lisboa. Parceiros de trabalho há sete anos, a dupla tem uma produção que transita de maneira fluida por distintos universos.
Vídeo — por Borbála Soós
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Sometimes one encounters a boundary along which two elements are coming together or pulling apart, with momentous consequences. When two opposing energies, like liquid and gas or warm and cold meet, they do not mix as one might suppose. Each keeps its own individuality. When one gains supremacy, the other retreats, creating new phenomena in the wake. Paulo Arraiano’s inspiration for many of his works is the sea near the Azores with fault lines where tectonic plates come together/pull apart.
Artigo — por José Marmeleira
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Este artigo inicia um conjunto de reflexões que a Contemporânea publicará nos próximos meses com o objectivo de analisar o impacto desta pandemia na prática artística contemporânea, tendo em conta as diferentes experiências, contextos e actividades. Para este, em particular, foram convidados a dar o seu testemunho curadores, directores de museus e galeristas. Outros testemunhos e intervenções contarão com a colaboração de artistas, ensaístas, poetas, entre outros, privilegiando também diferentes formatos; entrevistas, ensaios visuais, podcasts.
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