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Lisbon roundup #4

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Isabel Nogueira

 

É altura de pensar seriamente a História e o lugar.

Excepcionalmente, neste Roundup, escolhemos apenas duas exposições colectivas, que consideramos implicativas ao nível da reflexão sobre o momento presente e sobre a História, sobretudo, a portuguesa. Não é fácil produzir um discurso que não se revista de paternalismo, simplificação, empoderamento, entre outras formas panfletárias e lineares de abordagem. E vindas, claro, de várias fileiras. A Revolução de Abril de 1974 pôs fim a um regime ditatorial, reaccionário, fechado e colonialista. A colonização foi factualmente um acto consciente, organizado e continuado de domínio, exploração e violência, a diversos níveis, sobre o Outro. Quer dizer, perpetuou-se, durante aproximadamente cinco séculos, uma acção de propriedade desprovida, naturalmente, de qualquer empatia ou respeito. Os portugueses foram pioneiros neste processo, conhecido por Descobrimentos, que se iniciou simbolicamente com a tomada de Ceuta, em 1415, e que culminaria em 1974. Mas, e que país se foi efectivamente construindo? A seu modo, ambas as exposições interpelam o passado e o presente, segue uma reflexão sobre as respectivas propostas.

 

 

Roundup #4

Lisboa: vários locais

 

Interferências. Culturas Urbanas Emergentes 

@MAAT

 

Nesta exposição colectiva patente no MAAT, com curadoria de Alexandre Farto, António Brito Guterres e Carla Cardoso, a entrada faz-se com a sonoridade da música de Tristany, que subverte o hino português chamando-lhe Hinu Digra: "As lágrimas, as almas, sobre a terra, sobre o mar…" E, a determinada altura do percurso, cai do tecto uma faixa onde se escreveu: "NÃO FOI DESCOBRIMENTO FOI MATANÇA", ou inclusivamente surge a imagem fotográfica do Padrão dos Descobrimentos com homens negros a posarem em frente à iconografia de eleição estado-novista, com o Infante D. Henrique na proa ostentando a caravela nas mãos. No limite oposto, localiza-se a única mulher representada no conjunto escultórico de Leopoldo de Almeida — edificado pela primeira vez, de modo provisório, para a Exposição do Mundo Português (1940) e de modo definitivo em 1960 — a rainha D. Filipa de Lencastre, mãe do Infante.

Em suma, a história do colonialismo começa afirmativamente no início do século XV, curiosamente, pouco antes de se iniciar, em 1453, a auspiciosa e humanista Época Moderna, na qual as artes, as letras e as ciências conheceriam uma evolução notável e inédita. Mas, em Portugal, e consolidando esta ideia, os autos de fé em larga escala também ganhariam ímpeto com a instituição do Tribunal do Santo Ofício, no século XVI. Gritava-se de dor pela mutilação ao mesmo tempo que se gritava de êxtase ao ver obras do gótico flamejante manuelino. A História é contraditória e facilmente repetível, daí a necessidade de a conhecer, para que não finte a nossa ingenuidade.

As contradições perpetuaram-se pelo século XIX. Por um lado, surgia a arte moderna; por outro, a Europa tornava-se cada vez mais agressiva e imperialista, culminando na Conferência de Berlim (1884-1885) e na “partilha amigável” do continente africano, na qual, naturalmente, Portugal também interveio. Portugal foi, aliás, o país com um colonialismo/imperialismo mais longo e manifestado em quatro continentes, que oficialmente durou da tomada de Ceuta (1415) à Revolução de Abril (1974). E é nesta problematização que a História deverá ser pensada. A História não se apaga; a História complexifica-se com outras vozes e perspectivas que a enriqueçam e, enquanto narrativa — porque a História é uma narrativa que organiza e interpreta factos e eventos — a possam, assim e consequentemente, modificar. E logo, neste ponto, esta exposição está ganha e tem toda a pertinência, propondo um percurso que inicia no pós 25 de Abril de 1974 e no auspicioso e complexo momento revolucionário — período que dura até à tomada de posse do I Governo Constitucional (Julho de 1976) — vindo até à actualidade.

São muitas/os as/os artistas intervenientes e de várias gerações — MaisMenos, Alfredo Cunha, Ana Hatherly, António Contador, Carlos Bunga, Ernesto de Sousa, Fidel Évora, Isabel Brison, Julião Sarmento, Julinho KSD, Marta Pina, Marta Soares, Mónica de Miranda, Petra Preta, Rico Zua, Rodrigo R. Saturnino, Wasted Rita, Xullaji, entre outros/as — apresentando trabalhos que se vão organizando em cinco núcleos temáticos. Após uma entrada, em jeito de preâmbulo, o primeiro núcleo é dedicado precisamente ao pós 25 de Abril. Foi um período complexo. As reestruturações operaram-se aos mais diversos níveis, mas seriam morosas. Desde o ensino aos periódicos sobre arte, passando pela dinâmica das galerias comerciais e pelos espaços experimentais e ainda pela efectiva criação de museus de arte moderna e contemporânea (além do efémero Centro de Arte Contemporânea/CAC, que funcionou no Museu Nacional de Soares dos Reis, entre 1976 e 1980, só em 1983 seria inaugurado o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian; em 1987 surgia a Casa de Serralves e, em 1999, o respectivo Museu de Arte Contemprânea), Portugal viveu um período agitado e com dificuldades de concretização. 

Mas também eram evidentes os problemas a outros níveis mais básicos e de importância urgente, tais como a habitação e a criação de infraestruturas fundamentais. E geraram-se inevitáveis tensões. E, na verdade, estes aspectos vêm-se perpetuando. Lisboa é disto exemplo, na sua diversidade e orgânica, mas também nos conflitos, muitos dos quais se prendem precisamente com o acesso à habitação. No pós 25 de Abril, parte considerável deste conflito tinha que ver, além de uma recessão económica visível, também com o retorno de milhares de pessoas das ex-colónias; nos dias de hoje, relaciona-se sobretudo com o preço elevado da habitação face aos salários portugueses, empurrando as pessoas para a periferia, ou seja, surge uma pobreza mais velada. O coração da cidade é arrancado pela gentrificação. Os problemas, à sua maneira, persistem numa interferência com a vida. No pós 25 de Abril surgiram alguns bairros, como o Bairro 2 de Maio, em Lisboa, que foram ocupados por pessoas que não tinham onde morar. Esta importante e factual realidade habitacional encontra-se bem referenciada na exposição.

Reportado também ao momento revolucionário — notemos ainda que este momento marca, em Portugal, muitas vezes uma junção de uma linguagem ligada ao movimento geral da neovanguarda internacional com a arte conectada com a Revolução — destaca-se o magnífico filme Revolução (1975), de Ana Hatherly, representativo do pulsar que se vivia, juntando uma série de imagens iconográficas fixas à sonoridade colectiva da época. O pós 25 de Abril foi marcado pelos eventos colectivos, aliás, como todos os anos 70. Uma destas iniciativas foi a pintura do Painel do 10 de Junho (1974), em homenagem à Revolução de Abril, realizada pelo Movimento Democrático de Artistas Plásticos. Para a execução do grande painel reuniram-se 48 artistas (um por cada ano da ditadura) na Galeria Nacional de Arte Moderna, um pavilhão à beira Tejo, em Belém, inicialmente construído para albergar a Exposição do Mundo Português, e destruído pelo incêndio de Agosto de 1981. As imagens da RTP, mostrando a pintura do mural e a confraternização, assim como o momento em que A Comuna e João Mota satirizavam a Igreja, estão patentes na exposição. Na sequência deste episódio a emissão seria interrompida e Júlio Pomar deixaria escrito no seu quadrado “A censura existe”. Poderiam estar igualmente aqui presentes imagens das acções de rua do Grupo Acre (1974-1977, como os intervenientes afirmaram: "O Grupo Acre propõe uma arte inconformista, pobre, festiva, simples nos processos e anticomercial.") ou outras acções do Movimento Democrático de Artistas Plásticos, tais como "A Arte Fascista Faz Mal à Vista" (Palácio Foz, 28 de Maio de 1974). 

A exposição prossegue com a proposta de reflexão sobre diversas questões. Efectivamente, a Revolução de Abril permitiu a abertura de um espaço de construção de um país novo, o qual, contudo, e passando uma fase de magia revolucionária, se foi apercebendo de inúmeras tensões e insuficiências. Possivelmente trata-se das “lutas intemporais” anunciadas na folha de sala. De algumas delas, certamente que sim. As obras respiram e são pertinentes, apesar de possuirem diferentes vigores artísticos, e a montagem possui cadência, culmimando no núcleo em que se reflecte sobre a simbologia da conquista e do domínio, nomeadamente, sobre o Padrão dos Descobrimentos, como atrás se referiu. De algum modo, este percurso organiza-se do final de um ciclo para o seu início, numa espécie de compreensão de origens. 

Por último, efectivamente a cidade de Lisboa acabou por ser testemunho de vivências, processos de adaptação, de reintegração ou de exclusão, constituindo-se, ela própria, como uma obra em transformação, numa espécie de museu aberto, que nos interpela e desafia, mas que também abre espaço ao diálogo e à utopia. Eventualmente a um “realismo utópico”, já ensaiado por Anthony Giddens (The Consequences of Modernity, 1990). Vale a pena lutar por essa interferência, pela cidade e pela dignidade e beleza da vida. 

 

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Interferências. Culturas Urbanas Emergentes. Vistas de exposição, 30 de março — 05 de setembro 2022. Fotografia: Pedro Pina. Fotografia de Capa: Diana Tinoco. Cortesia do MAAT, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, Lisboa.

 

Europa Oxalá

@Fundação Calouste Gulbenkian

 

O mote é dado pelo conceito de pós-memória que, nesta profusão conceptual do nosso tempo, genericamente reflecte sobre o entendimento da memória de uma segunda ou terceira gerações de pessoas no que ao colonialismo, descolonização e suas diversas consequências diz respeito, e que lhes chega de modo indirecto, sobretudo através de familiares. São mais de meia centena de obras pertencentes a vinte e um artistas, de gerações bastante próximas: Aimé Ntakiyica, Carlos Bunga, Délio Jasse, Djamel Kokene-Dorléans, Fayçal Baghriche, Francisco Vidal, John K. Cobra, Katia Kameli, Josèfa Ntjam, Malala Andrialavidrazana, Márcio Carvalho, Mónica de Miranda, Nú Barreto, Pauliana Valente Pimentel, Pedro A. H. Paixão, Sabrina Belouaar, Sammy Baloji, Sandra Mujinga, Sara Sadik, entre outros/as. Aimé Mpembe Enkobo, António Pinto Ribeiro e Katia Kameli são responsáveis curatoriais por esta mostra itinerante por mais um par de países, que resulta de uma colaboração entre várias instituições, destacando-se, em Portugal, o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, através do seu projecto MEMOIRS — Filhos do Império e Pós-Memórias Europeias. 

Como seria expectável, as peças são evocativas de realidades complexas — colonialismo, pós-colonialismo, racismo, questões de género, entre outras — e encontram-se apresentadas de modo depurado, tornando o conjunto portador de respiração e ritmo, aspectos a considerar numa boa exposição. De um modo geral, as peças são fortes e necessitam de espaço físico e conceptual de fruição, o que efectivamente sucede, sem atropelos. E, neste sentido, o conjunto torna-se coeso e portador de significado à medida que o espectador o percorre e que também o apropria, possivelmente, através das suas (pós)memórias e referências individuais. E o todo torna-se, assim, mais denso e mais significativo. E será, provavelmente, este um dos objectivos da exposição. Neste sentido, destaquemos a linha de investigação fotográfica de Pauliana Valente Pimentel, o traço reconhecível de Francisco Vidal, a bela instalação de Sammy Baloji, a singularidade dos trabalhos de Carlos Bunga, a escultura de pulsos atados de Sabrina Belouaar, ou o globo terrestre giratório de Fayçal Baghriche, entre outras boas propostas em diversos suportes e linguagens.

Um outro aspecto relevante tem que ver, claro, com o título da mostra: Europa Oxalá. “Oxalá” é uma palavra/interjeição que denota vontade, desejo que assim seja, que assim aconteça. A Revolução de Abril de 1974 colocaria cobro ao longo colonialismo português. Nos derradeiros anos do regime corporativo, Portugal envolvera-se numa desgastante guerra de guerrilha contra os movimentos independentistas, perdendo oficialmente a vida quase nove mil indivíduos, num drama humano de ambos os lados e num esforço de guerra incomportável, seguindo-se o complexo caminho da estabilização na democracia e da adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986, designada União Europeia (UE) a partir de 1992. Justamente no decurso dos anos 80 e 90, ia tomando corpo uma vontade de um Portugal inequivocamente cosmopolita e moderno, inclusivamente também, no início da década de 80, no âmbito de um movimento artístico pós-moderno de fundo, crítico dos mitos e das narrativas históricas. Efectivamente, muitas das características que são atribuídas ao pós-modernismo são justamente a diferença, a nuance, a complexidade dos lugares e das culturas, o reconhecimento do díspar e do desigual, a nível geográfico, político, sexual, etc. E, nesta senda, o movimento pós-moderno seria um contributo importante para a percepção do “Outro”, quer dizer, do que vai além da visão ocidental, branca, masculina, elitista, e que aceita o multiculturalismo, o vernáculo, a criação feminina e a sua legitimação à margem de uma grande narrativa dominante desde o “Século das Luzes”. 

De facto, a Europa tem vindo a receber o seu espelho, num reflexo nem sempre auspicioso ou brilhante, isto é, iluminista, como a Revolução Francesa nos quis fazer acreditar através da magnífica trilogia dos seus ideais, eles próprios oriundos das “Luzes da Razão”, fundadores da política e da cultura ocidentais. Depois surgiram, afinal, as catástrofes, o colonialismo, as grandes guerras, o holocausto, os fascismos e outros totalitarismos, o prolongamento de desigualdades de género, os problemas ecológicos, o terrorismo e os ataques suicidas, as desigualdades económicas e sociais, a globalização neoliberal e o capitalismo tardio, cujos expoentes têm sido o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, a falta de emprego e os colapsos financeiros, as crises, as novas epidemias. Ficámos numa encruzilhada desconfortável, agressiva, baralhante, dramática, perigosa. Destacaram-se os textos seminais de Albert Memmi, Edward Wadie Said, Frantz Omar Fanon, ou de Kwame Nkrumah, que se estabeleceram como reflexões de fundo sobre esta temática, aos quais, naturalmente, se foram seguindo outros. Mas a verdade é que a Europa continua a ser o nosso projecto. É aqui que vivemos e que somos, ainda, e depois de tudo. 

A arte que reflecte sobre o pós-colonialismo e a pós-memória encontra-se também, naturalmente, ligada à globalização, ou seja, à reflexão crítica sobre as condições planetárias da produção artística, assim como da sua circulação e recepção. A própria função dos museus é questionada, propondo-se um lugar não apenas de objectos mas de formulação de narrativas, eventos e experiências, ou seja, outras cartografias e outros imaginários do futuro. A função, cientificidade e legitimidade dos museus de etnografia, por exemplo, são inevitavelmente questionadas. Europa Oxalá reflecte, a seu modo, sobre todos estes aspectos. A Europa continua a ser uma casa e um projecto aglutinador, depois de reconhecidas e saradas as feridas. O desejável novo velho continente.

 

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Europa Oxalá. Vistas de exposição, 04 de março — 22 de agosto 2022. Fotografia: Pedro Pina. Cortesia da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

 

Vhils 

Prisma

@MAAT

 

Possivelmente, desde Bill Fontana (Shadow Soundings, 2017) e Jesper Just (Servitudes: Circuits, Interpassivities, 2019) que a complexa Sala Oval do MAAT não recebia um projecto que funcionasse de forma tão eficaz, numa conseguida instalação visual de Vhils (Alexandre Farto, n. 1987). Trata-se de filmagens em câmara lenta, desafiando o tempo num lugar universal, globalizado, portanto, de algum modo reconhecível por todos. A maior singularidade desta proposta terá que ver com a colocação dos transeuntes das filmagens numa escala próxima do natural e sensivelmente ao nível do espectador, o que cria um simulacro de realidade, que, neste sentido, aproxima a imagem da sua potencial tridimensionalidade. Uma instalação visual, imagética, mas, afinal, escultórica e viva também.

 

 

Vhils: Prisma. Vistas de exposição, 30 de março — 05 de setembro 2022. Fotografia: Fernando Guerra. Cortesia do MAAT, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, Lisboa.

 

Carlos Nogueira

Mais Desenhos de casa. Para Ti

@3 + 1 Arte Contemporânea

 

É uma exposição que denota o depuramento e elegância a que Carlos Nogueira (n. 1947) nos foi acostumando nas suas esculturas e instalações, com a predominância de pendor minimalista do branco e do preto. Foram peças produzidas durante o confinamento. O espaço tornou-se outro, requerendo nova forma de vida e de olhar. Neste contexto, o artista produziu uma série de peças evocativa desta realidade — exterior/interior — que foi exposta, além de Galeria 3 +1 Arte Contemporânea, no Museu da Fundação Arpad Szenes–Vieira da Silva e no Arquivo Aires Mateus. Nestes trabalhos destacam-se os objectos geometrizantes e monocromáticos dispostos nas paredes, como uma pintura negra, numa potencialidade de forma absoluta, talvez exterior e interior. 

 

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Carlos Nogueira: Mais Desenhos de Casa. Para ti. Vistas de exposição, 11 de março — 30 abril 2022. Fotografia: Bruno Lopes. Cortesia do artista e 3+1 Arte Contemporânea.

 

Tony Conrad

Maior do que a Arte 

@Culturgest

 

Tony Conrad (1940-2016) é o exemplo do artista experimental e, nesta condição, movimentou-se pelos territórias da música, do filme e das artes visuais, sem barreiras, numa postura de independência artística e institucional. Provavelmente por este motivo é um artista não especialmente conhecido num universo mais alargado, não obstante a relevância da sua obra. Esta exposição é também importante por isto, divulgando um percurso notável. Nesta exposição destaca-se The Flicker, de 1966. Notemos que flicker films era uma denominação utilizada também pelos artistas ligados ao cinema experimental e, alguns também ao movimento Fluxus, reportando-se às problemáticas da imagem, que treme e que quase não se deixa ver. Neste âmbito destacaram-se obras de Paul Sharits, Michael Snow, Yoko Ono, Wolf Vostell, entre outros. Mas também podemos ver instalações ou instrumentos musicais feitos com berbequins e outras evocações de música electroacústica e industrial. A visitar com todos os sentidos despertos.

 

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Tony Conrad: Maior do que a Arte. Vistas de exposição, 12 de Março — 03 Julho 2022. Fotografia: Vera Marmelo. Cortesia da Culturgest, Lisboa.

 


 

Isabel Nogueira (n. 1974). Historiadora de arte contemporânea, professora universitária e ensaísta. Doutorada em Belas-Artes/Ciências da Arte (Universidade de Lisboa) e pós-doutorada em História da Arte Contemporânea e Teoria da Imagem (Universidade de Coimbra e Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne). Livros mais recentes: "Teoria da arte no século XX: modernismo, vanguarda, neovanguarda, pós-modernismo” (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012; 2.ª ed. 2014); "Artes plásticas e crítica em Portugal nos anos 70 e 80: vanguarda e pós-modernismo" (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013; 2.ª ed. 2015); "Théorie de l’art au XXe siècle" (Éditions L’Harmattan, 2013); "Modernidade avulso: escritos sobre arte” (Edições a Ronda da Noite, 2014). É membro da AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte).

 

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia. 

 

 

 

 

 

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