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Anna Boghiguian: uma conversa encenada

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Nuno de Brito Rocha

 

“If words were taken as they were and actions interpreted within contexts of prejudices where would we be today" [1]

 

Anna Boghiguian gosta do mar, dos rios, da permanente impermanência das águas — e de pescar. O seu estúdio na cidade do Cairo fica em uma ilha no Nilo e, do alto de um dos prédios onde fica o seu atelier, ela está bem no meio e rodeada da cidade e da natureza. “I am inside and outside, because I like to work from both positions. I am near the source of my work but am not attached to it”[2] Em Anna’s Egypt, livro que a artista escreveu e ilustrou em 2003, Boghiguian tece um paralelo entre mundo humano e natural, aproximando ruas e rio como ponto de encontro e mostrando a contribuição do corpo de água para a vida econômica e social — com as suas consequências na formação de classes —, e explora a importância do Nilo na marcação do tempo no imaginário da cultura egípcia:

“The life of the alleyways is a universal life, and the basis of existence in all Egypt, like the course of the Nile, which is where the real life of Egypt actually flows, reflecting the culture of the city and its social and economic hardships. Life in the alleyways moves forward like the flowing of the Nile, with past and present mixing with the future. Time is permanent and impermanent, a dimension that is unkown and unclear for most Egyptians of a certain class. The desire for immortality of Ancient Egypt has unwittingly continued in modern Egyptians, and time has become formless." [3]

Em seu estúdio, Anna Boghiguian cuida para que suas muitas plantas estejam sempre saudáveis, limpa a poeira do deserto, que vem de tempos em tempos, e quando o momento chega de já não se poder estar ali, ela viaja, rotina que exerce — e que informa o seu trabalho desde então —, desde os anos 1970. “Eu já disse muitas vezes, agora é o melhor momento de ir ao Egito”, disse-me ela quando estivemos juntos em Novembro ou em alguma troca de mensagens ou e-mails. Mas essa fala também implica um outro entendimento do tempo: de que agora, o agora, é o melhor momento de ir até lá ou até a qualquer parte.

Essa urgência e esse imediatismo são tão fiéis ao trabalho da Anna, como para si mesma é a vida. Ela está sempre presente.

Ali em cima, rodeada das suas plantas e no constante movimento de estar dentro e fora, a artista ouve os sons do Cairo: os cantos, rezas, pessoas; o dinamismo dos carros e a vontade de movimento que eles podem exprimir, assim como a poluição, que são coisas dadas da vida ali. Os pássaros, principalmente os corvos — “I like crows a lot” [4] —, vêm até o seu terraço e, para ela, é como se eles trouxessem notícias de outros lugares, principalmente da Índia. [5] Ela conta como corvos formam quase que uma rede natural, que eles têm um senso de coletivo. “If you are kind to a crow, all the crows will adore you. They say that every day a young woman fed a crow and every day he brought her a gift”. [6] Com histórias que soam como sabedorias milenares e populares, a artista sintetiza a ligação entre todas as formas da natureza, além da importância da bondade e da reverberação de nossas ações; quase uma estóica.

Quando Anna Boghiguian não está no Egito, carrega consigo papel, pigmento e livros para onde quer que vá. Livros que lê ou livros que faz. Apesar de seu trabalho ser lírico, a relação com a literatura é primordialmente por meio do objeto em si — o livro — como um dos lugares da narrativa, depositório de conhecimento e informação durante centenas de anos, portátil. Desde que estudou arte e música no Canadá (e depois de ter estudado ciências políticas no Egito), Anna Boghiguian faz livros: capas de livros, livros de artista, pinturas em livros, ilustrações para livros já existentes e que de alguma maneira relacionam-se aos temas que a ocupam: a transformação do indivíduo, o ciclo de vida e morte, relações entre causa e consequência, o indivíduo como ser social e político, a história das cidades, dos transportes, da natureza e das matérias-primas. Além disso, faz livros em folhas soltas, séries de desenhos e pinturas, livros em sanfona, que se assemelham aos rolos chineses, até o seu desdobramento, a partir de 2012, em livros-instalações espaciais, com novos suportes, pinturas e escritos em paredes.

A pintura enriquece o texto e permite uma leitura que vai além da língua.

A disposição dos seus trabalhos pressupõe uma viagem literal, ou seja, um deslocamento daqueles que estão presentes; como ela mesmo disse, entrar e sair de certa posição. Esse deslocamento, mínimo em movimento no espaço expositivo, grandioso em temática, é uma distensão do tempo num certo espaço, já que os temas nos levam não ao passado, mas a muitas causas para poder entender não o presente, mas as suas consequências. Quando é inevitável estar presente para experienciar, ser espectador é necessariamente participar, seja numa exposição com os seus trabalhos, seja no cotidiano. Quando perguntada do que a leva a viajar, ela responde: “Curiosity, the need to see, the experience of a transformation in the sense of time, especially when traveling over land”. [7] Das viagens por terra nasceram as suas observações feitas em traços rápidos em ferrovias indianas, cicatrizes de um período colonial.

Quando Anna Boghiguian usa tecidos, como as velas de barcos que muitas vezes encontra nas margens do Nilo, a artista dobra o espaço em si, e nos oferece a possibilidade da virada e de um verso; uma outra perspectiva para uma mesma história. Frases soltas, palavras, plantas de algodão, fórmulas químicas do sal ou do mel, mapas e bandeiras pulsam de um lado e do outro dessas velas, que quase sempre acompanham um barco, também pintado, também escrito. O trabalho de arte é um lugar aberto e dinâmico para ser programaticamente visitado e seus materiais constituintes não são aleatórios; a artista é conhecedora de cada material. Estes materiais, objetos, tecidos ou pigmentos, têm não só uma dimensão química e física, mas também uma história política, que é também uma história de troca, de conflito, de poder, de injustiça, bem como de invenção e de aspiração por emancipação e justiça.

As imagens em suas pinturas são precisas, mas como que esfumaçadas. O pigmento puro é aplicado rapidamente sobre o suporte por meio da sua mistura com cera de abelha derretida, antes que ela endureça, uma técnica que preserva a cor, confere textura e transparência aos trabalhos. A encáustica, como é conhecida, “connects with the period of the Ptolemies. They were the first people to use wax. I started working with wax when I was a student in Canada in the 1970s”. [8] Não importa o tamanho da pintura.

 

 

Anna Boghiguian foge do formato retangular do bloco de papel para grandes rendados, os cutouts, a partir do papel em rolo. Estes grandes trabalhos, vazados, destacam-se de qualquer fundo e, por meio de bases de madeira e suportes de metal, flutuam no espaço e adquirem tridimensionalidade. O ato de cortar, de separar, é um ato corajoso de se destacar de um contexto, de ir contra ele, de empoderamento e auto-suficiência do desenho e da própria artista. Esse procedimento referencia, historicamente, a técnica da colagem e o frequente uso do binário imagem-texto. Os cortes e as colagens funcionam das duas formas possíveis: de material já existente retirado de revista ou da internet em forma de colagens ou de fotomontagens, e como retalhos, quando o corte é feito diretamente no papel em que a própria artista pinta: os cutouts.

A plasticidade e bidimensionalidade imagética dos seus trabalhos lembram os teatros tradicionais indianos e tibetanos, ou até mesmo o teatro de sombras chinês.

A pintura em si não possui perspectiva; ela é alcançada por meio do descolamento de cada imagem ou trabalho do seu fundo ou da parede. O suporte é o agora; a ideia do livro traz narração, linear ou não, e o teatro explicita ludicamente os papéis que cada um desempenha nesta história. As instalações podem ser navegadas pelos visitantes, que processam espacialmente a informação; elas têm uma frente, um verso, lados, volumes e cores e acontecem dentro de ambientes que geralmente levam cor também nas paredes. Os visitantes são mapeadores — e um mapa é ambos: imagem e escrita — e ao mesmo tempo personagens, não fosse apenas pelo arranjo expositivo, mas também e talvez sobretudo pelos temas apresentados. Qual a nossa responsabilidade nesta história e nesta troca?

Dos livros, livros-sanfonas, livros em paredes, folhas soltas até chegar aos livros-instalações espaciais, Anna Boghiguian desenvolve-se para fora da linearidade em forma e em assunto, no momento em que nos tornamos ativos no percurso destas histórias. Ela viaja para o passado, o apresenta no presente e oferece a chance da distância, que perdemos muitas vezes pela falta de perspectiva ou de honestidade. Talvez também por isso a orelha seja motivo tão frequente: ela nos dá a oportunidade de ouvir aquilo que deixamos de, ou que preferimos não ouvir.

O seu trabalho está no centro da Bienal de Coimbra deste ano, não espacialmente, não das atenções, mas no núcleo da sua formação, o CAPC Sede. “Traditions here have become very stagnant and uninteresting. If traditions were strong, valuable and not hypocritical, they would bring economic, social and spiritual development. Otherwise they have to be questioned as far as I am concerned" [9], diz a artista pensando no Egito, mas que poderia ser aplicado a qualquer lugar. A Bienal foi fundada na ambição de examinar e questionar o passado com os olhos do presente, e atualizar o presente fazendo uso do passado. Anna Boghiguian parece nos tentar avisar do aqui e do agora, atentar para conflitos passados que geraram, e geram, os do presente. Exploração, opressão, omissão, colonização. Estas preocupações são frequentes no trabalho de Boghiguian, temas que precisam ser atentados e discutidos, neste contexto, em tempos de terceiras, e quem sabe de muitas mais margens. Fechar as orelhas não é, como ela mostra, a solução. O uso ideológico e instrumentário da Universidade de Coimbra, espacial e culturalmente, nas ex-colônias portuguesas é apenas um exemplo que aqui se pode mencionar. Para ela, a Bienal pode funcionar inversamente a isso e trazer uma vida cultural mais diversa no campo das artes plásticas a Portugal, no centro da vida universitária que, paradoxalmente, é tão tempo-resistente.

Comum a todos os trabalhos da artista é uma certa crítica ou denúncia, dores de povos subjugados por políticos e políticas que são tomadas de cima para baixo, sem estar em contato com as consequências que provocam e que daí se desdobram. Com a imagem dos pássaros que se parecem com aviões ou de aviões que se parecem com pássaros, frequente em suas pinturas, Anna Boghiguian indica a rapidez com que essa relação de poder vertical pode alterar-se e a ambivalência daqueles que estão ­— ou acham que estão — entre o céu e a terra.

The ABC of Life é o título que a artista dá à composição de trabalhos antigos e novos, feitos especialmente para o Anozero de 2019. Ao entrar no CAPC Sede, uma sala verde de cenário apocalíptico nos recebe com cactos vivos em vasos e outros mortos rastejando pela sala, sobre uma camada rasa de terra e um cutout, que enfim materializa os já tão falados corvos, misturados com aviões — ou serão eles aviões animalizados —, interagindo com partes de corpos; sobretudo mãos, que tentam alcançar o céu. Ela pergunta: “Esse verde é apocalíptico suficiente?”, ao que eu respondo: “é radioativo, venenoso!” Ao lado está uma sala marrom com um jardim de cactos e um texto, que passeia pelas quatro paredes e nos convida a olhar ao nosso redor: “I don’t know who was here first / The spider, the cockroach or the dinosaur that became a bird / Who entered first the garden, the bird the insects or the gardener / or they were all present at the same time”.

Sobre as instalações espaciais e sobre o quanto do lugar carregamos connosco, Anna diz:

“I want to create an intimate relationship, where you are absorbed by the space and the environment. While the drawing gives you a visual environment, when you are going into a box, you become part of an environmental thing in which you are alone. Theatrical reality. I did a kind of brain mapping, because I realized that our minds are formed by the cities we live in… And the cities we live in form our mind. I mean, if you are American or Canadian, you are part of a system and if you are not part of a system you are considered marginal." [10]

Se as cidades em que moramos, os sistemas aos quais fazemos parte e as crenças que temos nos informam — “I think that people make themselves belong by attaching themselves to a history, to a social tradition, to an attitude of their community" [11] —, e se o seu trabalho vem da experiência imediata do contato com as pessoas, com a terra, com as texturas, com as culturas e as suas viagens, então a resposta para interpretar o seu trabalho está em cada um de nós. Essa é não só uma visão otimista com relação ao público, e que lhe dá autonomia, mas que lhe confere também responsabilidade para assumir o modo como podemos ver o mundo, e ao mesmo tempo em que revela a sua riqueza psíquica e subjetiva, mostra a fragilidade de outros. “I do not talk always about my art works, but if the viewer likes discussing any point I’ll be happier to give him the chance to find the answers through the work itself”. [12] 

É por meio do próprio trabalho e pelo que a pessoa que está presente pode e quer ver, que o significado se constrói.

Seja em cavaletes, penduradas do teto, suspensas por hastes de metal em bases de madeira, ou instaladas em estruturas de colmeias — a pintura sempre confronta a verdade única, bidimensional e frontal, ao mesmo tempo em que incita dinamicidade espacial, relação com o visitante e o espaço. O segundo andar do CAPC Sede é povoado por nove cutouts, três destes novos, além de uma vela verde pintada, um barco, suas cordas e remos. O novo trabalho é um cutout dividido em três partes que ascendem, a partir do chão e sob fundo vermelho e rosa, e que mostram alguns dos frequentes motivos em seus desenhos: uma revoada de pássaros, pessoas, galhos, e símbolos que aludem à espiritualidade, mitologia, sociedade e política.

Próximo à terra, um corpo encarnado e entorcido esguela-se na tentativa do grito ou de alcançar o seio da imagem que está logo acima dele, sem nunca o tocar. Perto dele, sete ou oito exuberantes pássaros negros, corvos talvez, conferem, juntamente com o modo como o trabalho é apresentado, dinamismo à composição. Ricos movimentos de asas mostram uma observadora atenta de cada voo e de cada pouso. Acima, árvores sem folhas e galhos alongam o arranjo verticalmente. Uma das figuras possui em sua testa um terceiro olho, possíveis asas e um céu estrelado ao seu lado. Neste ponto as figuras antropomórficas mesclam-se mais e mais com elementos da natureza até que em seu cume, um pássaro e uma pessoa enfrentam-se frente a frente e acima das coisas terrenas. O corvo ou a águia traz perto de si o único elemento escrito — the tree of life — que parece estar pendurado em galhos. Esta águia parece engolir a pessoa de maneira que ela mesma torna-se animal. Quantos são os territórios nacionais que usam a ave como símbolo de poder! E a língua também.

Sobre isso, a Anna nos deu, a mim e à Lígia Afonso, curadora-adjunta junto a mim da Bienal de Coimbra, uma certeira resposta: “Todas as minhas línguas são secundárias, eu não tenho uma língua materna”, colocando ênfase nas quantidades e mostrando-se muito mais entendedora dos tempos de hoje do que qualquer um de nós.

Anna Boghiguian

Anozero: Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra

Nuno de Brito Rocha é curador, historiador de arte e educador. Vive em Berlim. É curador-adjunto da Anozero’19 – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, Portugal. O seu enfoque curatorial é transnacional, evidenciado no diálogo e na inclusão, com interesse em histórias locais e globais, modos contemporâneos de expor e Outreach. Atualmente, trabalha no Museu de Arte Moderna de Berlim, Berlinische Galerie (Dada Africa: Dialog with the Other; Freedom. The Art of the Novembergruppe 1918–1935; Out Now! Art in Public Space), e é educador no Gropius Bau, em Berlim. Trabalhou no Museu da Casa Brasileira em São Paulo para a exposição Maneiras de Expor: Arquitetura Expositiva de Lina Bo Bardi. É mestre em História da Arte pela Humboldt Universität, em Berlim. Obteve bolsa do DAAD para pesquisa da tese "The Floating Museum, by Lynn Hershman Leeson", na Stanford University nos Estados Unidos, e é arquiteto e urbanista pela Universidade de São Paulo (FAUUSP) e pela Technische Universität de Berlim (TU Berlin).

 

Este texto foi escrito em português do Brasil.

 

A exposição de Anna Boghiguian encontra-se patente no CAPC — Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, inserida na Anozero’19 – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. A Bienal é organizada pelo CAPC, Câmara Municipal de Coimbra e Universidade de Coimbra. 

Terceira Margem 
Diretor-geral
Carlos Antunes

Curador-geral
Agnaldo Farias

Curadores-adjuntos
Lígia Afonso
Nuno de Brito Rocha

Diretora-adjunta
Désirée Pedro

Ficha Técnica

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Imagens: Anna Boghiguian. Vistas da exposição "Terceira Margem". Anozero: Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Fortos: Cortesia da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. 


Notas:

 

[1] Frase escrita em uma das páginas do livro de artista ZYX–XYZ, Montreal, 1981–1086.

[2] Entrevista entre Anna Boghiguian e Hassan Khan. “The Lyrical Phenomenon”, in Alif: Journal of comparative Poetics, no. 21, ed. By F. J. Ghazoul (Cairo: Department of English and Comparative Literature, The American University in Cairo and The American University in Cairo Press, 2001), pp. 275–78.

[3] Anna Boghiguian, Anna’s Egypt. An Artist’s Journey (Cairo e Nova York: The American University in Cairo Press, 2003), p. 20.

[4] Castello di Rivoli Museo d’Arte Contemporanea e Sharjah Art Foundation (Eds.): Anna Boghiguian, Catálogo de exposição, Turin, Itália, 19 de Setembro de 2017–10 de Dezembro de 2017, Skira, 2017, p. 208.

[5] Ibidem

[6] Ibidem

[7] Entrevista entre Anna Boghiguian e Hassan Khan. “The Lyrical Phenomenon”, in Alif: Journal of comparative Poetics, no. 21, ed. By F. J. Ghazoul (Cairo: Department of English and Comparative Literature, The American University in Cairo and The American University in Cairo Press, 2001), pp. 275–78.

[8] Castello di Rivoli Museo d’Arte Contemporanea e Sharjah Art Foundation (Eds.): Anna Boghiguian, Catálogo de exposição, Turin, Itália, 19 de Setembro de 2017–10 de Dezembro de 2017, Skira, 2017, p. 207.

[9] Castello di Rivoli Museo d’Arte Contemporanea e Sharjah Art Foundation (Eds.): Anna Boghiguian, Catálogo de exposição, Turin, Itália, 19 de Setembro de 2017–10 de Dezembro de 2017, Skira, 2017, p. 175.

[10] Idem, p. 193.

[11] Idem, p. 62.

[12] Idem, p. 176.

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