11 / 16

O Olhar da Sibila – Corporalidade e Transfiguração

upload-bf70f2a0-3965-11e7-a872-8d544302fd12.jpg

"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

Isabel Nogueira

O Museu da Fundação Oriente apresenta uma exposição colectiva, com curadoria de João Silvério, sob o título O Olhar da Sibila – Corporalidade e Transfiguração, na qual estão presentes obras de 37 artistas, entre os quais, Adriana Molder, Ana Vieira, Ângela Ferreira, Arpad Szenes, Fernanda Fragateiro, Helena Almeida, João Pedro Vale, Júlia Ventura, Julião Sarmento, Li Yousong, Maria Helena Vieira da Silva, Miguel Palma, Noé Sendas, Rita GT, Rui Sanches, Susana Mendes Silva, Susanne Themlitz, entre outros. Os trabalhos estendem-se por diversos suportes, nomeadamente, fotografia, vídeo, pintura, desenho, escultura, instalação, e mesmo livros de artista, e resultam da reunião de peças de arte contemporânea pertencentes à Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, à Fundação Caixa Geral de Depósitos – Culturgest, à Fundação EDP, à Fundação Millennium BCP, à Fundação Oriente e à Fundação PLMJ.

upload-c54ff040-3965-11e7-a872-8d544302fd12.jpg
"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

Num primeiro momento, é oportuno reconhecer a importância cultural e artística das colecções representadas, assim como a pertinência em proceder à sua divulgação e possibilidade de fruição, através de uma exposição que reúne peças implicativas e diversas, cruzamentos de diferentes olhares, sensibilidades díspares, assim como aproximações a determinados movimentos do século XX, tão variados como o conceptualismo – em sentido lato –, a performatividade, o naturalismo de herança oitocentista de José Malhoa, ou o movimento pós-moderno e as suas citações históricas, imagéticas e alegóricas. Pensemos, nesse caso e a título de exemplo, na escultura de Rui Sanches Madame Récamier, segundo David (1989). O espaço respira, porque efectivamente possui dimensão capaz de albergar este elevado número de propostas artísticas.

Detenhamo-nos no conceito da exposição, referenciado no título da mesma. A Sibila, segundo a mitologia clássica, é a mulher a quem se atribuíam capacidades proféticas de adivinhação do futuro. No mesmo sentido, podemos pensar a Sibila como alguém metaforicamente capaz de adivinhar o que pode ser relevante, singular, quer dizer, o que artisticamente fica na história da arte. Este é um trabalho, neste caso, duplo. Por outras palavras, por um lado, existe um trabalho e um olhar “de Sibila” por parte quem constrói uma colecção importante; por outro, este trabalho e este olhar prolongam-se por parte de quem desenvolve um trabalho curatorial. Trata-se, por conseguinte, de dois tempos, ambos importantes e incorporadores de reflexão, escolha e apresentação de obras de arte.

upload-c013e960-3965-11e7-a872-8d544302fd12.jpg
"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

Por outro lado, conferimos atenção à questão da corporalidade e transfiguração, subjacente à organização de fundo desta mostra, composta por trabalhos tão variados, como já se referiu. O corpo complexifica-se quando se remete para a ideia de corporalidade. A corporalidade toma o corpo como algo passível de faculdades operativas, ao incorporar uma profunda consciência e presença do ‘eu’ conceptual e simultaneamente objectual. O corpo transfigura-se noutro corpo, nomeadamente, num corpo artístico capaz de extrapolar eventuais limites conceptuais pré-determinados. O corpo fica em situação dinâmica de possibilidades artística, formais, presenciais de objecto artístico. De facto, como escreveu Merleau-Ponty (L’oeil et le esprit, 1960) “o meu corpo pertence ao número das coisas, está preso na textura do mundo, e a sua coesão é a de uma coisa”.

O Olhar da Sibila – Corporalidade e Transfiguração propõe ao espectador um percurso expositivo que, pela mediação da obra de arte, faz percorrer territórios emocionais, políticos, estéticos, de género, sexuais, ou antropológicos diversos, para os quais, afinal e também, o olhar do observador é sempre uma nova potencial visão desse corpo, isto é, torna-se capaz de o transfigurar.  

upload-c0e62d80-3965-11e7-a872-8d544302fd12.jpg
"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

Isabel Nogueira

(n. 1974). Historiadora de arte contemporânea, professora universitária e ensaísta. Doutorada em Belas-Artes/Ciências da Arte (Universidade de Lisboa) e pós-doutorada em História da Arte Contemporânea e Teoria da Imagem (Universidade de Coimbra e Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne). Livros mais recentes: "Teoria da arte no século XX: modernismo, vanguarda, neovanguarda, pós-modernismo” (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012; 2.ª ed. 2014); "Artes plásticas e crítica em Portugal nos anos 70 e 80: vanguarda 

a autora escreve de acordo com a antiga ortografia

Museu da Fundação Oriente

upload-c2869710-3965-11e7-a872-8d544302fd12

"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

upload-c472afa0-3965-11e7-a872-8d544302fd12

"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

upload-c181aa30-3965-11e7-a872-8d544302fd12

"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

upload-c60dc200-3965-11e7-a872-8d544302fd12

"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

upload-c34ea200-3965-11e7-a872-8d544302fd12

"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

upload-c6eadb90-3965-11e7-a872-8d544302fd12

"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

upload-c3dc8a20-3965-11e7-a872-8d544302fd12

"O Olhar da Sibila– Corporalidade e Transfiguração". Vistas da exposição Museu Fundação Oriente. Fotos: . Cortesia Fundação Oriente.

Voltar ao topo