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Entrevista a Ângela Ferreira

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Antonia Gaeta

 

Antonia Gaeta (AG): Na tua última exposição Dalaba: Sol d’Exil, o que me chamou a atenção além do aspecto escultórico propriamente dito — os guindaste que transportam as casas ou os cabos de aço que perfuram as paredes — é de como a palavra Homeland e o seu significado mais íntimo, consegue permear o conjunto de trabalhos que apresentas. Ao mesmo tempo, o meu entendimento foi de perceber que existe algo de autobiográfico, da tua história pessoal ou, dito de outra maneira, dás a conhecer, em formato expositivo, uma relação identitária. Estou a equivocar-me?

Ângela Ferreira (AF): A minha relação com as políticas de identidade tem sido muito cuidadosa. Evidentemente que trabalho com uma forte consciência da minha condição como mulher, embora não me considere uma activista. No entanto, nestes meus trabalhos de homenagem a mulheres africanas existe verdadeiramente um esforço de celebrar um grupo de personalidades que, não só servem para sublinhar de forma positiva o papel das mulheres na construção de uma imagem construtiva do continente Africano e do mundo, mas também remeto para o seu papel como lutadoras contra os vários regimes opressivos em que viveram e ainda vivem. Não só da sua condição como mulheres, mas também como cidadãs, como agentes políticos, como agentes culturais, como mães, como construtoras de ambientes familiares e educadoras, como arquitectas, como poetas, como artistas, como lutadoras contra a ruína ecológica, etc. Interessa-me contribuir para o discurso de uma forma positiva. Neste sentido, e como mulher, este projecto é muito íntimo. O lugar da casa como espaço de exílio é bastante evocativo para mim.

Ângela Ferreira

Chiado 8

[Esta entrevista poderá ser lido na íntegra na próxima edição impressa da revista Contemporânea, dedicada à escultura. O lançamento está previsto para o próximo mês de Maio, 2019].

© fotografia: Rose Richards

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