4 / 16

Entrevista a Margarida Mendes

CIAJG_Plant Revolution_27.jpg
José Marmeleira

 

"Num futuro não muito distante, as plantas dominarão o planeta tornando-o num Universo vegetal. Estes seres sencientes sobreviverão resilientes às transformações planetárias, disseminando as suas raízes por toda a crosta terrestre como um grande organismo que prolifera em múltiplas dimensões. O que pensarão estas plantas quando olharem para trás e refletirem sobre a forma como nos relacionávamos com elas? E o que poderemos nós agora aprender com as plantas neste momento de crise planetária?"

 

Plant Revolution! patente no CIAJG: Centro Internacional das Artes José de Guimarães, na cidade de Guimarães, é um projecto que começou em 2014 no The Barber Shop, quando a curadora Margarida Mendes desenvolveu o ciclo Plant Thinking com uma série de eventos à volta da ideia da senciência verde. A exposição surge mais tarde. Resiliência ecológica e a forma como a planta tem sido usada a nível laboratorial, como objeto de estudo científico, são assuntos que a curadora tem investigado no seu trabalho. A Contemporâne falou com Margarida Mendes sobre a sua abordagem particular ao universo da curadoria.

José Marmeleira (JM): Como avalias e descreverias hoje o trabalho que desenvolveste no The Barber Shop? De que modo veio a ser determinante para o teu percurso?

Margarida Mendes (MM): O Barber Shop foi uma espécie de tubo de ensaio onde pude experimentar diversos formatos, diferentes formas de fazer curadoria, mas, também, fazer investigação. Não era um white cube. As sessões demoravam uma tarde ou uma noite e algumas instalações prologavam-se por uns dias. Foi muito importante para testar certas linhas temáticas. Estava a fazer o mestrado na Goldsmiths, na Universidade de Londres, e consegui trazer questões da história da tecnologia, outras mais ambientais, com as quais já andava a trabalhar, ou que tinham a ver com a ciência, com os direitos dos artistas e produtores culturais, com temas como o copyright. O Barber Shop tornou-se importante para ver como é que diferentes linguagens metodológicas podiam funcionar em redor da arte, mas também da fabricação cultural, da produção de subjetividades. Pude testar outros formatos, como os grupos de leitura, as summer schools. Havia diferentes temporalidades e experimentei com o metabolismo da aprendizagem o que foi muito importante para mim.

JM: O que queres dizer com metabolismo da aprendizagem?

MM: Experimentar diferentes temporalidades e metodologias e, também, criar um fórum transdisciplinar.

JM: Como olhas a esta distância para o projeto? O que consideras que ainda permanece dele na tua atividade?

MM: Julgo que foi uma semente que foi germinando diferentes processos de trabalhar, de investigar e de estabelecer colaborações. Reflete-se em muito do que faço. Por exemplo, na exposição e no programa educacional que concebi, há dois anos, para a Bienal de Design de Istambul, trabalhei num formato muito semelhante, criando fóruns pedagógicos e transdisciplinares onde se abordavam as questões políticas e ambientais da mesma forma. No The Barber Shop começaram as sementes das práticas curatoriais que tenho hoje em dia. Identifico essa continuidade.

JM: Quando iniciaste um projecto, entendeste-o como singular, distinto do que se fazia no contexto português?

MM: É difícil, para mim, pensar ou definir o que é, nesses termos, singular. O que posso dizer é que estava a olhar para determinadas instituições em Berlim, Nova Iorque, Londres, e a ver como se estabeleciam práticas curatoriais que envolviam investigação e diferentes formas de impacto social e político. Portanto, tinha alguns modelos a que aspirava, mas não queria seguir uma linha curatorial fixa, queria permitir-me a experimentar. O facto de dispor de um sítio sem renda, numa Lisboa pré-gentrificada deu-me essa liberdade. Julgo que o seu traço singular é que era um espaço altamente discursivo que não existia em Lisboa. Hoje ainda me perguntam quando volto a fazer conferências. Persiste uma falta de espaços assim em Lisboa, embora exista um público, que se encontra entre a Culturgest, com a equipa que veio do Teatro Maria Matos, e o Teatro do Bairro Alto. Há um público para este tipo de desenvolvimento curatorial.

JM: Um dos aspetos que ressalta na tua atividade é a intervenção noutros domínios para lá da esfera da arte. Um olhar para o exterior, para questões como as que já referiste...

MM: Para mim, todas as práticas, são enraizadas numa situação muito local, concreta e contextual. A arte não vem de um sítio alienado, externo ao mundo. Ou seja, há condições geográficas, políticas, sociais e subjectivas. Porque tenho alguma curiosidade por estudos de media, da tecnologia, da ecologia, não consigo fazer divisões disciplinares na produção. Para mim tudo tem um contexto. E aí é interessante olharmos para o perfil das pessoas que convido porque nunca são apenas artistas. Na exposição que comissariei para a Bienal de Istambul, não havia particularmente designers, mas historiadores da ciência, agricultores que trabalham com permacultura, realizadores de cinema experimental e etnográfico, um historiador de antropologia, comércio e mercados da Turquia, performers, engenheiros alimentares. Havia todo um metabolismo à volta de pensar como as coisas vêm ao mundo e que se enraíza em muitos campos. Interessa-me tornar o debate mais interseccional a várias áreas. Daí nunca ver a arte como uma coisa que é isolada ou apenas mercantil. Há uma produção em comunidade que circula...

JM: Precisamente, um dos aspecto desse trabalho foi a sua vertente multidisciplinar e que ainda se manifesta na tua actividade...

MM: Sim, por exemplo, na questão da crítica ambiental. Nunca pode ser vista apenas de um campo, é um problema interseccional a várias áreas, implica ideias de desigualdade, de distribuição de recursos, de sistemas políticos resilientes. Nunca se pode abordar uma questão apenas de um ângulo. Daí ser necessário criar um espaço de diálogo transdisciplinar. Isto tornou-se muito obvio já desde o The Barber Shop. Era muito importante juntar pessoas de vários campos numa conversa. Fundacional para mim foi, também, o facto de ter participado em muitas atividades no Haus der Kulturen der Welt, em Berlim. Seguem um modelo que aproxima as humanidades à ciência e às artes com o qual me identifico muito. É um método de trabalho que tenho seguido.

JM: Ou seja, uma atividade constituída de diferentes facetas: investigação, ativismo e curadoria. A propósito dessas atividades, de que modo se conciliam, se contaminam, se sobrepõem?

MM: Sinto que as atividades se contaminam através das colaborações que estabeleço. Sou consultora numa organização não-governamental que trabalha sobre pescas, em particular sobre a mineração no mar profundo e sobre o tema do ruído. Ao mesmo tempo, convido artistas para reuniões com ativistas, familiarizando-os com melhores práticas de vídeo e mobilização de ferramentas. Por outro lado, tento trazer alguns temas contemporâneos para as práticas dos artistas, através de conversas que estabeleço e comissões que realizo. Há uma contaminação através da colaboração. Um momento importante foi quando comecei a interessar-me pelo tema da exploração do petróleo em Portugal. Isso levou-me a olhar para campanha antinuclear realizada nos anos 70, por altura do PREC, foi uma campanha muito importante. Percebi como a posição dos poetas experimentais, dos artistas e performers tinha sido muito ativa na altura. Isso já aparecera na Matter Fictions [no Museu Berardo] com a presença da E. M. de Melo e Castro. A campanha do nuclear foi uma espécie de modelo para olhar a função social do artista, para entender a sua ação como expandida. Havia nessa militância uma certa poesia na rua. Fui buscar um bocado essa inspiração, quando fiz, em 2016, uma sessão na ZDB que se chamava “Futuro Sem Furos”, com concertos, uma exposição de posters e um engenheiro ambiental a falar da questão dos hidrocarbonetos. Isto, numa altura em que se falava pouco destes temas na arte. Tentei envolver pessoas de várias áreas, com várias linhas discursivas. Creio que criei uma espécie de contaminação no meio. Se isto era novo? Não, nada é novo, isto já foi feito, mas comecei a perceber que entre nós o ativismo precisa de ferramentas pop e que os artistas são bons nisso. E que temos de olhar para coisas muito boas que foram feitas no passado...

JM: Podemos dizer que quando fazes curadoria também estás a fazer ativismo? Ou, pelo menos, um certo tipo de ativismo?

MM: Qualquer ação que realizo, da jardinagem à forma como estabeleço um programa público, ou faço investigação, espero que produza um impacto social e de transformação intersubjetiva e em relação com outras formas de ser no mundo. Aí, está patente um projeto de sensibilização que, se quiseres, podes chamar de ativismo. Há um processo de questionamento do agenciamento que para mim é presente.

JM: O teu trabalho de investigação implica uma atividade de produção académica. É pertinente dizer que essa produção tem um objetivo epistemológico? Ou é algo distinto do trabalho de curadoria?

MM: Vejo sempre as coisas como encadeadas. São diferentes metodologias, mas há uma continuidade e uma contaminação na pesquisa, sempre à volta de temas ecológicos. O ciclo que fiz na Gulbenkian sobre cinema elemental surgiu depois de um texto que escrevi para uma artista e em que procurava definir o que é um cinema proveniente de um pensamento mais alquímico, com um traço mais eco-feminista. São diferentes metodologias. Às vezes são curatoriais e saem de uma forma que é expositiva ou num workshop. Outras vezes saem num texto. Há uma contaminação e um encadeamento em tudo. Só consigo trabalhar nesse encadeamento, porque vejo-o como um projecto contínuo de vida.

JM: És consultora de organizações não governamentais. Qual é exatamente o teu trabalho nesse âmbito? Que competências são necessárias?

MM: Há imensos artistas a fazer ativismo e a trabalhar em organizações não governamentais. Sou consultora na área da mineração no mar profundo, que ando a investigar desde 2016, e mais recentemente sobre questões de ruído nos oceanos que é o tema do meu doutoramento. Claro que é preciso conhecimento científico para tal. Tenho investigação feita nessa área, mas o meu trabalho é de consultoria pontual. Fazemos workshops em Bruxelas, estabelecemos algumas estratégias a nível de campanhas. E no meu ativismo em questões ecológicas vou pontualmente fazendo coisas. Se olharmos para a área das Environmental Humanities, notamos a cada vez maior presença de uma crítica ecológica que tenta trabalhar em vários campos de ação. Creio que há uma valência para estas organizações e programas políticos em terem pessoas das humanidades inseridas, a abrir o debate. Oferecemos uma perspetiva crítica diferente.

JM: Que perspetiva crítica pode ser essa?

MM: Como artistas, trazemos melhores ferramentas de campanha e uma diferente consciência do que é trabalhar na esfera pública. Dispomos de ferramentas a nível narrativo e diferentes estratégias afetivas que interessam às pessoas da esfera do ativismo. Em relação às humanidades, verifica-se a redescoberta de uma crítica ambiental muito boa de meados do século XX. Há a necessidade dessa crítica chegar a diferentes campos, originando um debate mais frutífero sobre as questões da desigualdade, que é a grande questão por detrás dos conflitos climáticos.

 

 

JM: Na tua atividade como curadora, ressalta a colaboração com outros artistas que te acompanham ou que têm acompanhado há mais de uma década, como a Mariana Silva, a Joana Escoval, o Pedro Neves Marques. O que te aproxima deles, o que partilhas com eles?

MM: A visão política e a construção do mundo. Temos valores éticos semelhantes e noções muito específicas do processo de trabalho. Por coincidência, andámos na universidade na mesma altura, embora em anos diferentes, e começámos, desde 2008, a fazer projetos colaborativos. Creio que há um cunho geracional muito específico de pessoas que começaram a olhar para questões ambientais e políticas. E isso acabou por aparecer nas suas práticas, embora com expressões muito diferentes.

JM: Em termos de linguagens e meios usados...

MM: Sim, são todos muito diferentes. Seria injusto dizer que há uma uniformidade, não há. Há perspetivas éticas ecológicas que estão, por exemplo, por detrás dos trabalhos da Mariana Silva e da Joana Escoval, mas que saem com narrativas e formas de olhar para o mundo que são completamente diferentes. Há, também, uma coincidência pelo facto de termos partilhados espaços. 

JM: Mas há uma sensibilidade, que se diria comum, à questão ambiental...

MM: Completamente, é algo que nos une, para além de diferentes formas de fazer. Lembro-me por exemplo do projeto Estados Gerais que fizemos em Lisboa em 2009, com quatro meses de exposições, conversas, apresentando diferentes metodologias e uma forte componente educacional. Olho para trás e reparo que foi o protótipo de uma verdadeira kunsthalle. Estava lá já muita coisa que fazemos e exploramos hoje em dia. Experimentámos muitas coisas e isso deixou marcas.

JM: Falemos então Plant Revolution! exposição patente, com a tua curadoria, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães? O que esteve na sua origem?

MM: A Plant Revolution! começou em 2014, no The Baber Shop, quando fiz o ciclo Plant Thinking com uma série de eventos à volta da ideia da senciência verde. Comecei depois a pensar numa exposição, a juntar pesquisas e a fazer uma série de viagens que já canalizavam o trabalho nessa direção, bem como a visitar diferentes projetos de agricultura. Interessavam-me estes temas de resiliência ecológica e analisar o modo como a planta tem sido usada a nível laboratorial, como objeto de estudo científico. Na exposição, se começarmos pela sala verde, deparamos com uma planta num laboratório, onde é estudado o seu movimento, as suas formas de reação. Depois, há como que uma inversão da lente: o próprio humano torna-se ele mesmo o laboratório da planta. Nesse sentido, várias conceções de Plant Revolution! podem ser extraídas da exposição. Por exemplo, o da emancipação da subalternidade, pois a planta tem sido sempre considerada uma entidade subalterna, menos que o animal.

JM: Poderíamos dizer que, a propósito dessa ideia de emancipação, o sentido é ficcional? Que se trata de uma ficção?

MM: Não sei se é ficcional, é real. É uma proposta política.

JM: Mas o nosso olhar sobre elas não é sempre, irremediavelmente, humano?

MM: Mas não estou a antropomorfizá-las, a colocar nelas a minha voz.

JM: Mas não correremos o risco de projetar-lhes significados, falas e discursos que são, para todos os efeitos, humanos?

MM: Compreendo, mas o que tento trazer para a exposição é a possibilidade de trabalhar a par com as plantas. No início, havia a ideia de uma dominação no laboratório, mas depois dá-se uma inversão: a planta passa para dentro de nós, passamos a ser uma infra-estrutura da planta. Na sala sobre organismos geneticamente modificados e questões de reprodução, discute-se também o domínio e militarização da planta. Mais adiante há ainda uma secção dedicada à pedagogia dos solos, uma tentativa de pensar ao lado e com a planta. A planta é um ser com que vivemos, que desenha o nosso mundo, um ente que, como diz a Donna Haraway, nos acompanha.

JM: Essa é uma perspectiva que encontro nas propostas da Joana Escoval, nos filmes selecionados pela Teresa Castro, nas peças da Comunidade de artesãs Mujeres dela Resistencia EZNL, no trabalho desenvolvido por Paulo Tavares, mas, ao mesmo tempo, por exemplo há propostas que consideraria mais ambíguas, como os diagramas, muito bonitos, de Suzanne Treister... até pelo seu significado político.

MM: A Suzanne Treister é uma artista muito interessante porque usa essencialmente um pensamento diagramático para mostrar as cumplicidades e contradições entre diferentes formas de especulação, sejam elas mercantis — com esses desenhos das grandes farmacêuticas — ou culturais e tecnológicas, com os movimentos, nos Estados Unidos, da contra-cultura e da cibernética. Ela mostra como Silicon Valley vai retirar lucros dessas ligações e sobreposições, traz essas contradições para o interior do seu trabalho. É engraçado que fales dos seus desenhos. Na sala verde, nas mesas de pesquisa, podemos ver várias das suas cartas de tarot e cada corresponde a um personagem de Silicon Valley e do movimento cibernético. A obra de Suzanne Treister usa uma forma de storytelling para redesenhar essas contradições e narrativas. É uma espécie de provocação inaugural sobre essas sobreposições.

JM: Temos estado a falar do cariz crítico e especulativo da exposição, a experiência estética também é importante...

MM: Claro que é. Penso sempre nas exposições em camadas para mostrar diferentes narrativas. Podes fazer um percurso sobre a produção de conhecimento teórico, através dos textos de Erik Davis, Amin Ahmet Mutawa e Fernando Garcia Dory, que são comissões especificas. Depois há uma narrativa mais sensorial. Passamos pelas obras que proporcionam um encontro mais psicadélico, como as do Alexandre Estrela ou do Joachim Koester, que são catalisadoras de ambientes, de experiência psicadélicas. Tento explorar diferentes formas de narrar.

JM: Gostava que me falasses de Inhabitants, a plataforma digital colaborativa que integra Plant Revolution! Como a descreverias? O que encontramos lá? Conhecimento, arte?

MM: É um projeto dirigido pela Mariana Silva e pelo Pedro Neves Marques e criado em 2014. Sou consultora de alguns episódios, comissariei a série de vídeos Para um Futuro Livre de Petróleo que foi mostrada dentro da Matter Fictions no Museu Berardo. E agora colaborámos no âmbito de uma série de mineração em mar profundo, que mostrámos na Trienal do New Museum, em Nova Iorque há dois anos e numa exposição retrospetiva em Singapura. Colaboramos desta forma. Não vejo na plataforma uma distinção entre conhecimento e arte, mas uma contaminação. Trata-se de uma um canal de comunicação, com informação e um formato muito específico, vídeos muito curtos, on line, que podem circular nos telemóveis. Pensar a ideia de plataforma sempre foi, para mim, muito interessante.

 

CIAJG: Centro Internacional das Artes José de Guimarães

The Barber Shop
 

José Marmeleira. Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE), é bolseiro da Fundação Para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e doutorando no Programa Doutoral em Filosofia da Ciência, Tecnologia, Arte e Sociedade da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no âmbito do qual prepara uma dissertação em torno do pensar que Hannah Arendt consagrou à arte e à cultura. Desenvolve, também, a actividade de jornalista e crítico cultural independente em várias publicações (Ípsilon, suplemento do jornal PúblicoContemporânea Ler).

 

CIAJG_Plant Revolution_16
CIAJG_Plant Revolution_13
CIAJG_Plant Revolution_15
CIAJG_Plant Revolution_5
CIAJG_Plant Revolution_11
CIAJG_Plant Revolution_12
CIAJG_Plant Revolution_6
CIAJG_Plant Revolution_18
CIAJG_Plant Revolution_1
CIAJG_Plant Revolution_21

Plant Revolution! Vistas da exposição no CIAJG, Guimarães, 2019-2020. Fotos cortesia de CIAJG.

Voltar ao topo