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Ligia Lewis - da potência fugitiva

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Sofia Lemos e Alexandra Balona

A obra minor matter (2016) de Ligia Lewis, coreógrafa de origem dominicana sediada em Berlim, é a segunda parte de uma trilogia intitulada Blue, Red, White e o ponto de partida para a seguinte reflexão que acompanha a sua estreia nacional, no dia 29 de Abril de 2018, por ocasião do Dia Mundial da Dança, no Teatro Campo Alegre, e no âmbito do Festival DDD – Dias da Dança 2018, em colaboração com a série de assembleias Metabolic Rifts, mobilizada por Prospections for Art, Education and Knowledge Production.  

Na peça minor matter, o palco é despojado dos seus limites estruturais expondo o negro de fundo. Partindo desta relação inextricável entre arquitetura e corpo, Lewis mobiliza uma densidade cénica de som e de movimento que convoca uma especificidade coreográfica discursiva e afetiva: a fenomenologia de ansiedade e a somatização do cansaço. Para os profissionais das artes visuais e performativas, esta obra remete para discursos que são analiticamente complexos de articular, tais como os limites diluídos e impregnados entre relações pessoais e energias. Após a sua estreia em Berlim, em Novembro de 2016, a crítica de arte Elvia Wilk referiu, “Após uma hora de performance, senti ter alcançado um momento de profunda catarse juntamente com as outras centenas presentes no teatro. Sentia a mesma dor física e mental anterior, mas os sentimentos pareciam ter sido alvo de transmutação alquímica e trazidos à superfície. Estava consciente destes sentimentos, e capaz de os sentir." [1]

Tendo sentido as pressões de colocar em cena uma obra negra, “embora o meu trabalho tenha sido sempre negro, mas agora com performers negros”, como referiu Lewis em correspondência eletrónica, minor matter decorre da primeira coreografia da série, Sorrow Swag (2015), que Lewis coreografou para o seu próprio corpo, e que terminou por selecionar Brian Getnick, e o seu corpo de homem branco, para a interpretar. Através da repetição do significante “negro” em ambas as performances, a materialidade da experiência não só transcende políticas identitárias como se torna afirmativa em todo o trabalho de Lewis. Segundo a coreógrafa, uma das questões orientadoras para minor matter foi, “Poderá a ‘black box’ acolher uma experiência Negra que vá além de políticas identitárias?” Como se poderá ocupar esse espaço teatral com matéria, ou, com uma materialidade que não é nem refém nem responde às expectativas do espectador? A intricada interação de significantes, de branco e negro, de raiva e de desânimo, que ancoram tanto Sorrow Swag como minor matter, denota a tendência de uma certa ansiedade como uma expressão pública — e íntima — que responde à provocação de Sarah Ahmed, “As emoções fazem coisas e alinham indivíduos com comunidades — ou o espaço corporal com o espaço social — pela própria intensidade dos seus afetos." [2]

Na segunda parte da trilogia, Lewis passou do formato solo para explorar modos de sociabilidade. Inundada por uma atmosfera de luz vermelha, paisagens sonoras percussivas alternam com música barroca e eletrónica, em que minor matter convoca a intensidade da ação emocional e física, respondendo não sem ironia às exigências de aceleração do capitalismo avançado. Contudo, essa mobilização é conseguida através de uma construção de solidariedade entre os performers. Estes empurram e colidem, constroem jogos de equilíbrio e colapsam, lutam contra as quatro paredes (e entre si) e, ao ensaiarem estes desafios de ambivalência, o grupo amplia e incrementa gestos de cuidado e de apoio mútuo.

A oratura torna-se um importante recurso coreográfico, intensificando o afeto a partir de uma dupla expressão que tanto remete para a história, como regressa para mediar o presente. As palavras de abertura de minor matter, “I would like to turn you inside out and step into your skin, to be that sober shadow in the mirror of indifference,” introduzem uma prática feminista de citação e de referência, neste caso do poema Dreamtalk de Remi Raji; ainda em minor matter, um dos performers dirige-se ao público com uma postura de "stand up comedy" proferindo excertos de uma versão ironizada de L’Orfeo de Monteverdi (1670). Em Sorrow Swag há referências à tradução de Antígona feita por Jean Anouilh e da peça Not I de Beckett. A sequência fragmentada de citações resulta num discurso não-linear e difrativo sobre o tempo, onde cada referência permite que o texto signifique e ecoe coreograficamente com e através dos corpos dos performers. Neste sentido, também Denise Ferreira da Silva descreve o #blacklivesmatter como uma “sintaxe ética” emergindo através da presença dos corpos, como que a “[sinalizar] um sujeito político emergente num cenário de obliteração através de uma frase”. [3] 

Em minor matter, como observa Mlondi Zondi, “Somos levados para o final do período renascentista/início da era barroca; transferidos para uma noite em 1960, quando o coreógrafo Maurice's Béjart, nascido na França, estreou seu Boléro; somos transportados para uma mina de ouro em Joanesburgo, em meados do século XX, onde mineiros negros dançavam a dança dos goblins, não só para si próprios bem como também para o entretenimento dos engenheiros e beneficiários do apartheid; somos levados de volta a um club contemporâneo; depois, constantemente transportados de volta ao imediatismo do tempo e do espaço no nosso encontro: a black box." [4] O palco e suas paredes adjacentes tornam-se uma estrutura cada vez mais tensa, onde o tempo histórico se encontra com instáveis camadas de legibilidade, corpos materiais que operam como enunciados que são tanto extemporâneos quanto perduráveis. Parafraseando da Silva, minor matter é um espaço que joga tanto com a materialização e a materialidade da ação como o seu próprio significado, num espaço "onde o sujeito figura sem tempo, preso a um interminável jogo de expressão." [5]

 

 

No seu livro In the Break – The Aesthetics of the Black Radical Tradition, Fred Moten propõe a inseparabilidade entre a performatividade da negritude e a materialidade das performances negras, como um encontro permanente com as densidades e opacidades de ser visto e de ser ouvido. A partir desta profícua perspetiva sobre o tempo, a citação e a referência, onde um é simultaneamente um e muitos, minor matter propõe um processo de singularidade plural, não só no âmbito da negritude, mas no sentido de conviver em solidariedade trans-temporal. Em entrevista sobre este trabalho, Lewis referiu “Na fase germinal do trabalho, pensava em como poderia animar este espaço de desânimo? Não só emocional, mas fisicamente também. E através desta iteração alcancei um espaço celebrativo fruto da sua importância presente — criar novas imagens para corpos negros que são também celebrativas." [6]

Deste modo, minor matter surge como uma rutura ao cânone e respetivo apelo à universalidade e determinação formal, movimentando-se através e com a celebração como experiência emocional ambivalente que promove, mas também refaz as tensões da produtividade intensificada no desenvolvimento do capitalismo: seja como privilégio e colapso, euforia e futilidade [7]. Privilégio, porque produzir arte tem sido historicamente indistinguível de questões de raça e, colapso, porque a confluência de diversas experiências e psicopatologias do capitalismo avançado não permanece indiferente ao ato de encenar corpos brancos versus corpos negros. No entanto, minor matter recusa tornar-se cúmplice de agendas institucionais ou servir como “informante nativo” de reflexões sociais. Em alternativa a estetizar insurgência, como observa Zondi, “os momentos de formalização lânguida e falhada de minor matter provêm de uma atenção especial ao gesto, técnica, aceleração, desfiguração, desmontagem, paragem, exaustão e suor que remontam para a longue durée da nossa dor e sofrimento." [8] Se certas categorias de negritude aparentam permanecer servil à forma — seja através do racismo transversal às formas de sociabilidade do estado-nação e às suas relações de classe — as obras de Lewis respondem com uma abundância de expressão, operando através de cenários éticos para além da mera determinação formal.

Como profissionais no contexto das artes visuais e performativas, muitas vezes priorizamos a realização individual e a auto-expressão, ignorando a intensidade dos afetos e a nossa interdependência na movimentação dos mesmos nos ciclos de produção. Como sublinha a curadora feminista Helena Rickett, compreender a precariedade implícita no trabalho imaterial implica um relacionamento entre formas de visibilidade e de expressão que permitam que o corpo esteja presente como um meio de comunicação com o mundo [9]. Num cenário de fragilidade em que se assomam a imaterialidade do trabalho e sua expressão somatizada no esgotamento, propomos pensar especificamente através e com o papel do conceito de minor [menor] neste trabalho. Erin Manning define minor como “força gestual que abre a experiência à sua potencial variação." [10] Na senda de Gilles Deleuze e Felix Guattari, Manning define o maior como tendência estrutural, enquanto o menor subverte a partir do interior. Valorizando o ciclo de produção, não através de políticas identitárias, mas através do reconhecimento de diferentes economias de atenção e de cuidado, minor matter dirige-se para um novo público que reconhece a sua participação na lógica de produção, muito embora proponha converter o menor movimento em afeto, ampliando a sua magnitude.

Tradução do inglês por Alexandra Balona e Sofia Lemos.

Sofia Lemos é curadora de artes visuais sediada em Berlim e no Porto. É Curadora-Assistente da Galeria Municipal do Porto e co-fundadora (com Alexandra Balona) de PROSPECTIONS for Art, Education e Knowledge Production, uma assembleia peripatética em artes visuais e performativas. Recentemente foi investigadora na Haus der Kulturen der Welt em Berlim e coordenadora do programa público da Contour Biennale 8. Entre 2015 e 2017 formou parte do Grupo de Investigação Curatorial Synapse da HKW, Berlim. Os seus textos têm sido publicados em vdrome, art-agenda, …ment, e Archis/Volume, entre outros.

 

Alexandra Balona é investigadora e curadora independente sediada no Porto. Membro do Conselho Municipal da Cultura da Câmara Municipal do Porto, é doutoranda na European Graduate School & Lisbon Consortium. Co-fundadora (com Sofia Lemos) de PROSPECTIONS for Art, Education e Knowledge Production, uma assembleia peripatética em artes visuais e performativas, é professora convidada no Curso de Pós-Graduação em Dança Contemporânea (ESMAE-ESE-RIVOLI, Porto), crítica de dança no Jornal Público, e publica regularmente sobre artes performativas.

 

METABOLIC RIFTS

Ligia Lewis 

No dia 29 de Abril de 2018, no Teatro Campo Alegre, no Porto, a terceira e última assembleia Metabolic Rifts irá descompactar protocolos de representação e estratégias de apoio dentro de infraestruturas institucionais e tecnoculturais. Perante o exacerbar dos nacionalismos, a intensificação da ansiedade e a crescente autonomia corporativa e das redes de informação sobre o poder público, formas de sociabilidade, de crítica e de prática propõem outros processos constituintes. Com Helena Rickett, Susana Caló, Ligia Lewis e Matteo Pasquinelli.

 

Ligia Lewis: on fugitive force

From the Dominican-born, Berlin-based choreographer Ligia Lewis, minor matter (2016) is the second part of a trilogy entitled “Blue, Red, White” and a dedicated point of departure for this preview accompanying its national premier in Portugal, on April 29 2018, at Campo Alegre Theatre, Porto, in the framework of the contemporary dance festival Dias da Dança and in collaboration with the assembly series Metabolic Rifts, mobilized by Prospections for Art, Education and Knowledge Production.

In Lewis’ minor matter the stage is striped bare to explore the blackness of its limits. In this entanglement between architecture and embodiment, Lewis operates with dense scenic layers of sound and movement, to convey a specific discursive and affective choreographic arena: a phenomenology of anxiety and the somatization of exhaustion. For those of us working in the visual and performing arts this work reaches out to those discourses that are analytically harder to articulate — the suffused boundaries between personal relationships and energies.  After its premier in Berlin in November 2016, art critic Elvia Wilk noted, “By the end of the hour-long performance, I felt I had gone through a profound catharsis along with the hundred others in the theater. I was in no less physical or mental pain, but the feelings had been alchemically transmuted, brought to the surface. I was able to hold onto the feelings; I was able to feel them." [1]

Having felt the pressures of making a black work, “although my work was always black, but now with black performers,” as Lewis notes in an email exchange, minor matter builds on the first work in the series, Sorrow Swag (2015), which Lewis choreographed for her own body, and ultimately casted Brian Getnick, a white male body to perform it. Through the repetition of the signifier “black” in both performances, the materiality of experience transcends identity politics and becomes a statement within Lewis’ work. According to the choreographer, a guiding question for minor matter was, “Can the black box be host to a Black experience that goes beyond identity politics?” How could we fill the theatrical space with matter, but a materiality that is neither hostage nor responsive to the spectators’ expectations? The uneasy interplay of signifiers, of whiteness and blackness, of rage and feeling low, in the foreground of both Sorrow Swag and in minor matter, denotes the proclivity of anxiety as a public—and also intimate—expression, responding to Sarah Ahmed’s provocation, “emotions do things, and they align individuals with communities—or bodily space with social space—through the very intensity of their attachments." [2]

For the second part of the trilogy Lewis moved from the solo format to exploring forms of sociality. Inundated by a wash of red light, percussive soundscapes alternating between Baroque and electronic music, minor matter addresses intensified action, emotional and physical, within the accelerated demands of advanced late capitalism. Yet, it does so by building a sense solidarity between three performers. The dancers push and shove, they build balancing acts and collapse, they wrestle the four walls and with each other, and in rehearsing these games of ambivalence the group extends care and support towards each other.

Orature becomes an important choreographic resource, intensifying affect from a double expression into historical account and returning again to the mediated present. The opening words in minor matter, “I would like to turn you inside out and step into your skin, to be that sober shadow in the mirror of indifference,” introducing a feminist practice of citing and referencing, which here draws from Remi Raji’s poem “Dreamtalk”; also in minor matter one dancer addresses the audience as a stand up comedian in a tongue-in-cheek version of Monteverdi’s L’Orfeo (1670), commenting on performers standing behind him to Donald Trump. In Sorrow Swag there are references to Jean Anouilh’s translation of Antigona and Beckett’s Not I, both references in resistance and provocation. The chain of citations sets the stage for a non-linear and diffractive discourse on time, where referencing allows for a text to matter and to sound choreographically with and through the performers’ bodies. Also, Denise Ferreira da Silva describes #blacklivesmatter as an “ethical syntax” emerging through embodied presence, as “[it] signals a political subject emerging in the scene of obliteration through a sentence." [3]

In Lewis’ minor matter, as Mlondi Zondi notes, “We are carried to the late Renaissance/early Baroque era; transferred to an evening in 1960 when French-born choreographer Maurice’s Béjart premiered his Boléro; we are hauled into a mid-20th century Johannesburg gold mine where black mineworkers performed the gumboot dance for each other as well as for the entertainment of the engineers and beneficiaries of apartheid; we are swung back to a contemporary nightclub; then constantly transported back to the immediacy of the time and space of our gathering: the black box" [4] The stage and its enclosing walls become an increasingly tensed structure where historical time is met by unstable layers of legibility, material bodies that operate as utterances that are both extemporaneous and enduring. Paraphrasing da Silva, minor matter is a space of mattering and of urgent matters “where the subject figures without time, stuck in an endless play of expression." [5]

In his book “In the Break – The Aesthetics of the Black Radical Tradition,” Fred Moten argues for the inseparability of performing blackness from the materiality and sonic traces of black performances, as ongoing encounter with the densities and opacities of being seen and heard. Departing from this generative view on time, citation and referencing, where one is simultaneously one and many, minor matter proposes a process of singular plurality, not only of blackness, but of being together in trans-temporal solidarity. In an early interview about the work Lewis mentioned, “When the work began, I was thinking, how can I animate this space of being low, or down? And this is not only emotionally, but also physically. And through this iteration, I arrived more within a celebratory space, because I felt like that was important now — to create new images for black bodies that are also celebratory." [6] 

Ultimately minor matter operates as a rupture to the canon’s appeal for universality and formal determination, moving through and with celebration as ambivalent emotional experience that rehashes the tensions of intensified productivity in capitalist development—both as privilege and breakdown, euphoria and futility [7]. Privilege, because producing art has been historically indistinguishable from issues of race, and breakdown, meaning that the conflation of diverse experiences and psychopathologies in advanced capitalism does not remain indifferent to the staging white versus black bodies. Yet, it refuses to become complicit to institutional agendas or serve as “native informant” on societal reflections. Rather than aestheticizing insurgency, as Zondi notes, “minor matter’s moments of ‘arresting formlessness’ are the work of attending to what gesture, technique, acceleration, disfiguration, disassembly, breakage, exhaustion, and sweat tell us about the longue durée of our hurt and suffering." [8] To blackness as a category that remains servant to form—not at least in the forms of sociability promoted by the nation-state and its class relations—Lewis’ works respond with the abundance of expression operating in and through ethical scenes beyond formal determination.

As practitioners working in the fields of visual and performing arts we often prioritize fulfilment and self-expression while ignoring intensified affects and our inter-dependence in moving them across production cycles. Following feminist curator Helena Rickett, understanding the precarity that is central to immaterial labour implies a rapport between forms of visibility and expression that allow for the body to be present as a means of communication with the world. [9] Between the immateriality of labour and its somatised expression as burn-out, we propose to specifically think through and with the role of the minor in this work. Erin Manning defines the minor as “gestural force that opens experience to its potential variation." [10] Following Gilles Deleuze and Felix Guattari, for Manning, whereas the major is a structural tendency, the minor works the major from within. Re-orienting this cycle away from identity politics, minor matter gestures towards different economies of attention and care. Aware of their animation in the logics of production audiences may convert the minor into affect and mobilize it in magnitude.

Sofia Lemos is a curator based in Berlin and in Porto. Lemos is Assistant Curator at Galeria Municipal do Porto, and has recently held posts as researcher at Haus der Kulturen der Welt, Berlin and public programme coordinator at Contour Biennale of Moving Image 8. Lemos is co-founder (with Alexandra Balona) of PROSPECTIONS for Art, Education and Knowledge Production, a roving assembly for visual and performing arts research. Her writings have featured in vdrome, art-agenda, ...ment, and Archis/Volume, among others.

 

Alexandra Balona is a researcher and independent curator based in Porto. Member of Porto City Council for Culture, she is a doctoral student at the European Graduate School & Lisbon Consortium. Co-founder (with Sofia Lemos) of PROSPECTIONS for Art, Education and Knowledge Production, a roving assembly for visual and performing arts research, Balona is invited lecturer in the Postgraduate Course in Contemporary Dance (ESMAE-ESE-RIVOLI, Porto), dance critic in Jornal Público, and publishes regularly on performing arts.

 

METABOLIC RIFTS

Ligia Lewis 

On April 29, 2018 at Campo Alegre Theatre, Porto, the third and final assembly, Metabolic Rifts will unpack protocols of representation and strategies of support within institutional and techno-cultural infrastructures. Against the backdrop of exhorted nationalisms, intensified anxiety and the increasing autonomy of corporate governance and big data over state control, forms of sociality, criticism and practice offer ways forward for constituent processes. With Helena Rickett, Susana Caló, Ligia Lewis and Matteo Pasquinelli.

Images: 

minor matter, Ligia Lewis, © Martha Glenn

Sorrow Swag, Ligia Lewis, © Dieter Hartwig

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[1] Elvia Wilk, “Feelings Matter: Anesthetic Aesthetics and the Choreography of Ligia Lewis” in Mousse #57, February-March 2017, 254.

[2] Sara Ahmed, “Affective Economies” in Social Text 79, Vol. 22, No. 2, (Durham: Duke University Press, 2014), 119.

[3] Denise Ferreira da Silva, “On Matter Beyond the Equation of Value” in e-flux journal #79, February 2017.

[4] Mlondi Zondi, “On minor matter” programme hand-out, 1.

[5] Denise Ferreira da Silva, “Toward a Black Feminist Poetics: The Quest(ion) of Blackness Toward the End of the World,” in The Black Scholar, 44:2, States of Black Studies, Summer 2014, pp. 81–97.

[6] Emily Gastineau, “Minor Matter: An Interview with Ligia Lewis” in Temporary Art Review, June 22 2016.

[7] Sobre o paradigma do capitalismo racial e computacional confrontar Jonathan Beller, The Message is Murder: Substrates of Computational Capital, London: Pluto Press, 2018 e Nancy Fraser, "Expropriation and Exploitation in Racialized Capitalism: A Reply to Michael Dawson," Critical Historical Studies 3, no. 1 (Spring 2016): 163-178. Sobre os debates relacionados com o Antropoceno, aquecimento global e crise climática ver Françoise Vergès, “The Capitalocene: Is the Anthropocene Racial?” in Futures of Black Radicalism, New York: Verso Books, 2017, acessível: https://www.versobooks.com/blogs/3376-racial-capitalocene

[8] Mlondi Zondi, “On minor matter” programme hand-out, 2.

[9] Helena Reckitt, "Support Acts: Curating, Caring and Social Reproduction” in Journal of Curatorial Studies, 5: 1, 2016, pp. 6–30.

[10] Erin Manning, The Minor Gesture (Durham: Duke University Press, 2016), 1.

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