Review — by Cristina Sanchez-Kozyreva
/application/files/thumbnails/medium/5216/4146/8518/Silvia_Bachli_Side_facing_the_wind_Culturgest_Porto_-_Fotos_Alexandre_Delmar_12.jpg
The exhibition Side facing the wind, by Silvia Bächli, is like a breath of fresh air. Her studio-elaborated language of earth-tones flat brushstrokes in gouache on white sheets of paper inhabits the gallery rooms with a breezy energy. Here is a series of horizontal soil-red coloured lines running across the walls like musical scores, which reappear throughout the exhibition as a refrain. There are minimal stick-like figures running together in asphalt colours, as if hinting at a joyful trot to escape an autumnal drizzle.
Interview — by Alberta Romano
/application/files/thumbnails/medium/2716/4190/0567/1_Cover_2.jpg
Quando a prática da artista com quem conversas é profusa em camadas e ramificações e nela revês a tua própria sensibilidade, pensar numa introdução que esteja à altura da sua obra torna-se uma tarefa particularmente difícil. Foi o caso de Henrike Naumann, com quem tive o prazer de conversar pela primeira vez via Skype há uns poucos dias. Parte do prazer que esta chamada me deu teve que ver com a autenticidade da conversa. Henrike quis falar-me do seu mundo, da sua pesquisa, da sua infância, sem que nada parecesse forçado, como se já nos conhecêssemos há algum tempo; trocámos ideias, memórias e alguns conselhos. Ainda assim, aquilo que me deu maior satisfação (uma satisfação porventura egotista) foi poder dizer: "Eu sabia que ela ia ser um ser humano fantástico. Soube-o assim que vi uma peça dela pela primeira vez."
Essay — by Ana Salazar Herrera
/application/files/thumbnails/medium/3516/4319/3341/MG_0898_2.jpg
São treze, os impressionantes retratos que agarram a atenção do espectador na exposição "Just My Imagination (Running Away with Me)". Os retratados exigem veementemente que se veja a sua legitimidade intrínseca, que se ouçam as suas vozes, que o nosso imaginário coletivo se alargue. Quase todos olham para nós, e nenhum deles parece ter razão para sorrir. Dez dos retratos são autorretratos exploratórios realizados entre 2019 e 2021 por célebre fotógrafe e ativista Zanele Muholi (1972, África do Sul), e os restantes três, do artista Ayogu Kingsley Ifeanyichukwu (1994, Nigéria), são pinturas hiper-realistas a óleo e em tamanho real de figuras históricas negras. Neste ensaio, examinaremos esta pequena exposição, patente no HANGAR, que parte da justaposição de dois artistas de diferentes gerações para tentar contextualizar as suas práticas e analisar as constelações históricas que imprimem urgência e relevância nesta forma do retrato e da auto-articulação.
Interview — by Gisela Casimiro
/application/files/thumbnails/medium/7816/4381/8170/Samson_Kambalu_-_Fracture_Empire__Culturgest__Fotos_de_Antonio_Jorge_Silva_1.jpg
It is a rare privilege to visit an exhibition with the artist himself (who is also a professor) as your guide, listening to him candidly talk about his work and motivations. I was lucky to do so in the context of Samson Kambalu’s Fracture Empire, curated by Bruno Marchand, on view at Culturgest until 6 February. Some days before, I had attended his talk on the subject of gift, which is always present in his work. Indeed, he sees his artwork as a gift, and that is where the problematisation of the act of giving begins.
Interview — by Miguel Mesquita
/application/files/thumbnails/medium/1116/4450/6217/CH7.jpg
This talk with Vicente Todolí was prompted by the DIA exhibition on display at MAAT until 28 February. Todolí is a Spanish contemporary art curator who has worked as director of several international museums and art centres. His career spans over three decades, and he was chief-curator and artistic director of the Institut Valencià d'Art Modern in Spain. He was also the founding director of the Serralves Museum in Porto, and the director of Tate Modern between 2003 and 2010. He is currently, since 2012, the artistic director of the Pirelli HangarBicocca foundation in Milan, where he organised exhibitions of artists such as Cildo Meireles, Juan Muñoz, João Maria Gusmão + Pedro Paiva, Carsten Höller, Miroslaw Balka, and Mario Merz.
Essay — by Eduarda Neves
/application/files/thumbnails/medium/8216/4123/0895/Hans-Haacke_All-Connected_New-Museum_102019_0417.jpg
Num dos seus conhecidos textos, "A arte depois da filosofia", Joseph Kosuth confronta-nos com diversas proposições sobre a função da arte argumentando que a sua única exigência é consigo própria. Afirma que, depois de Duchamp, o valor de alguns artistas deve ser entendido de acordo com o que acrescentaram à concepção de arte e o modo como a problematizaram. Recordemos que é o próprio Duchamp a admitir que não atribui ao artista “uma espécie de função social” em que ele se ache obrigado a “fazer qualquer coisa, em que tenha um dever para com o público.” Confessa ter “horror a todas essas considerações.” Kosuth cita ainda Ad Reinhardt: “a única coisa a ser dita sobre a arte é que é uma coisa. A arte é arte-como-arte e todo o resto é todo o resto. A arte como arte não é nada além de arte. A arte não é o que não é arte.”
Essay — by AnaMary Bilbao
/application/files/thumbnails/medium/5816/4632/4528/15._Adrien_Missika_--_Ilha_de_Ervas_2020_Estufa_Fria_Lisbon_1.jpg
A mitologia e a poesia antiga, como lembra Henry D. Thoreau (1817-1862) em "Walden; Or, Life in the Woods" (1854), sugerem que outrora a lavoura foi uma arte sagrada, mas hoje é praticada por nós com uma «pressa e negligência irreverentes», no objetivo primeiro de possuir e colher. A realidade que se perpetua no tempo é a de um desejo maior em «encarar o solo como propriedade». Conhecemos a natureza apenas como «saqueadores», lançando ao esquecimento o carácter sagrado que lhe foi noutros tempos outorgado. Thoreau remete para o início da Revolução Industrial, momento a partir do qual se torna crescente um desapiedado endeusamento dos bens materiais e uma profunda redução do espírito. Como voltar ao diálogo com Saturno e Ceres, esses deuses solares da renovação, da criação e da libertação?
Back to Top